quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Aplicação prática do método de mitigação do RSR.

Em virtude dos comentários de Rafael, Xico e demais, resolvi mostrar aqui na prática (utilizando o meu portfolio hipotético futuro como base) como minimizar o risco de seu suado dinheiro morrer antes de você :) .

A idéia explicada no post anterior é simples, corroborada por dados históricos não só americanos como de outros países: Como o risco a longo prazo da bolsa é menor do que da renda fixa e a curto prazo o risco da bolsa é maior do que o da renda fixa, nada melhor do que consumir $$$ da renda fixa na época que ela possui pouco risco e da bolsa após alguns anos, quando o risco será bem menor.

Vejam que essa idéia pode mudar radicalmente a noção de alocação de ativos, que é determinada não pela idéia padrão (e pouco discutida) da tolerância ao risco do investidor, mas sim pelo cálculo matemático do desvio-padrão (ou outro parâmetro que você entenda como risco) frente a uma unidade de tempo determinada. Logo, uma questão fundamental precisa ser respondida: em que momento o desvio-padrão da bolsa fica abaixo da renda fixa? 5 anos? 7? 15? Infelizmente não tenho essa resposta, nem teria utilidade obter essa resposta hoje, pois essa pergunta só precisará ser respondida no momento da aposentadoria (ou, no máximo, alguns poucos anos antes).

No meu caso, digamos que quando eu tiver 42 anos eu tenha um portfolio no valor de R$3.000.000,00 conforme planejado. Planejo consumir R$120.000,00 ao ano, corrigidos pela inflação. Com uma alocação de ativos bolsa/renda fixa em 80%/20%, ficaria com R$2.400.000,00 na bolsa e R$600.000,00 na renda fixa. A partir daí eu começaria a retirar R$10.000,00 por mês da renda fixa, INDEPENDENTE do comportamento da bolsa, ATÉ a exaustão dos R$600.000,00. A partir daí, meu portfolio seria 100% bolsa, mas lembrem-se: foram R$2.400.000,00 que ficaram parados por no mínimo 5 anos (600.000/120.000 = 5), provavelmente um pouco mais em virtude do retorno da RF. A partir daí começaria a retirar apenas da bolsa e nunca mais compraria um título de renda fixa. Lembrem-se que toda aposentadoria "antecipada" possui risco, e esse é um dos métodos menos arriscados de se aposentar.

Uma alternativa seria, próximo ao final dos 5 anos, comprar mais R$600.000,00 + inflação em títulos, dando uma folga de + 5 anos para a bolsa. Vejam que esses anos de renda fixa são determinados pela sua alocação de ativos (uma alocação 72/28 me daria 7 anos de tranquilidade, mas um maior risco de não ter retorno suficiente em virtude da menor alocação na bolsa).

Notem que essa não é minha posição final: ainda é um assunto em estudo de minha parte, já que não tenho a menor pressa em me definir quanto a isso!

10 comentários:

  1. Se vc vai se aposentar com 42, provavelmente irá estar aposentad por no minimo 40 anos; acho muito temerario por exemplo viver os primeiros 7 anos da renda fixa; e depois 33 anos com um portfolio 100% ações.

    O que detona o portfolio é vender ações na baixa; e em 33 anos certamente vai pegar alguns bear markets. Então vai depender muito de como o mercado estiver. Acho que uma estrategia fixa (por exemplo, tirar sempre primeiro da renda fixa, independente do mercado) é temeraria. A estrategia tem que ser maleavel, de acordo com as condições do mercado.
    Agora se vc que viver com apenas 4% do portfolio uma boa opção é um portfolio focado em dividendos. É fácil, pelo menos atualmente, conseguir isto. E da pra viver dos dividendos sem precisar vender as ações.

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    1. Concordo em parte com você, quanto a "maleabilidade" de acordo com as condições , pois o futuro é imprevisível mesmo, imaginemos que quando ele resolvesse fazer retiradas virássemos o Japão( Ok é um caso bem especial, mas isso é futuro! é imprevisível mesmo) ! agora quanto ações que tem histórico de DY, vemos que tanto nos EUA(crise 2008) e agora aqui no BRASIL, algumas que eram ótimas pagadores de yield deixaram de pagar. Então é atirar para todos os lados mesmos da RF(TD/LCI/LCA/DEBÊNTURES/CDB/CDI) e todos os lados da RV Ações(DY/CRESCIMENTO/CONSOLIDADAS/ETFS), CÂMBIO(DÓLAR/ EURO/ QUEM SABE ATÉ YUAN!,é futuro...a um tempo atrás não levava fé no euro, e desconfio muito da China), OURO, commodities, enfim PULVERIZAR mesmo!

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  2. Inv. e Fin., acho que você ainda não entendeu perfeitamente a idéia. O problema não é pegar bear markets, mas sim pegar bear markets no início da aposentadoria. Digamos que em 7 anos a bolsa tenha um retorno médio real de 1% a.m. Ficaria então com ~R$5.500.000,00. A questão é que não retiraria 4% de 5,5 milhões, mas sim de 3 milhões. A TSR então iria pra ~2,2%, baixíssima pra qualquer período e qualquer alocação. Os 7 anos servem justamente diminuir o desvio padrão da bolsa e conseguir ter esse retorno positivo.

    A idéia não é temerária, ela possui a maior chance de sobrevivência de todas as estratégias. Segundo a teoria dos mercados eficientes, o mercado só possui uma condição, que é estar com o preço justo.

    O problema de dividendos é que eles não são garantia de nada, vide o que aconteceu com o BofA, GE, etc...

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    1. Imagine que peguemos o pior cenário possível...Inflação, bolsa bear market antes , durante a aposentadoria e muito pior com décadas nesse cenário( apocalíptico mesmo, afinal é futuro, imprevisível!), mas essa técnica para um futuro até mesmo pior do que esse ( qual seria o pior futuro para vc?) como se comportaria?
      Abraço
      Luiz Alves

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  3. Eu entendi que esta foi a melhor estrategia no passado no periodo que foi estudado, no mercado americano. Só não me sentiria muito confortavel atualmente de seguir a mesma receita. Acho que seu calculo foi errado pois 7 anos da renda fixa deixaria 2160000 na bolsa que aps 7 anos rendendo 1% a.m daria 4982000.

    Usando a sua suposição de rendimentos de 1% a.m da bolsa, que da 12,6% a.a, e supondo que a renda fixa de 0,6% a.m (poupança), e inflação de 4%; sacaria os 4% anuais corrigidos da bolsa; e ao fim dos 7 anos teria 3547000 na bolsa + 1388000 na poupança, totalisando 5775000 sem realocações; ou seja um portfolio de valor maior que se houvesse sacado da renda fixa, que rendeu menos; eventualmente neste ponto como a renda fixa já cobriria mais de 8 anos de aposentadoria vc poderia comprar mais ações e deixar apenas 7 anos na renda fixa

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  4. Inv. e Fin., respondendo mais do que atrasado seu comentário, de fato o seu cálculo está correto. No entanto, você não argumentou o porquê de não se sentir confortável seguir a mesma receita. Que método seria mais eficiente e por quê?

    A conclusão no seu segundo parágrafo está errada. Não tem como um ativo de maior retorno ter um portfolio menor com retiradas da parte de maior retorno do que com retiradas da parte de menor retorno, assumindo retornos constantes obviamente. Além disso, o problema de retirar da bolsa é justamente de pegar um bear market logo após a aposentadoria. A renda fixa serviria exatamente como buffer pra essa transição de um portfolio de acumulação para um portfolio de retirada!

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  5. Agradecendo mais que atrasado a publicação deste tópico: muito obrigado!

    Rafael

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  6. Não dá simplesmente para viver da renda passiva mantendo o principal ? (descontando inflação). Para quê torrar toda a grana que foi fruto de muito trabalho e esforço por anos ?

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  7. Concordo com o bonds first, mas nao até o ponto de ficar 100% em ações. Ninguem garante q as ações vao crescer bem durante os primeiros anos a ponto de poderem garantir renda por 30 anos. Sem falar que sao estudos baseado no mercado americano, nao no nosso. Performance passada nao garante performance futura. Tema muito interessante esse.

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