terça-feira, 26 de maio de 2009

Como Viver de Renda

Como vocês já devem ter percebido, o meu foco nesse blog, além de escancarar minha vida financeira, é falar sobre tópicos relativamente avançados sobre investimentos e finanças pessoais. No entanto, por uma questão estatística, a maior parte dos visitantes é composta de iniciantes; alguns "virgens" nesse mundo financeiro, mas a grande maioria com um mesmo objetivo: viver de renda. Portanto, aqui vão dicas PRÁTICAS, BÁSICAS, SEM ENROLAÇÕES para você que quer ser financeiramente independente:


1. GANHE MUITO DINHEIRO

  • Faça uma boa faculdade E aprenda uma profissão com a qual você se compatibiliza e dê bastante dinheiro. É muito mais fácil ser milionário se você tiver uma renda alta.
  • Considere ser dono ao invés de empregado.
  • Se você for jovem, o risco é seu amigo. Fique perto dele.

2. NÃO GASTE MUITO DINHEIRO

  • Comece a economizar cedo. Cada real salvo nos seus vinte ou trinta anos valerá 10 vezes mais do que um real salvo nos seus cinquenta anos ( e sim, já considerando a inflação).
  • Alugue o seu estilo de vida. Não compre um barco, uma segunda casa, um avião, etc. Mantenha suas despesas fixas baixas para quando os tempos difícies chegarem (e eles chegarão) você possa rapidamente cortar parte das suas despesas.
  • Perceba que comprando uma casa ou carro caros demais para você provavelmente irão mantê-lo longe de se tornar rico. As grandes despesas são as que mais importam.
  • Seja prudentemente frugal e seletivamente extravagante. Tenha certeza que você está gastando seu dinheiro nas coisas que mais trazem felicidade para você.
  • Se você não consegue pagar a vista, você não pode comprar. Exceção: Casa (protegida contra inflação). Não é exceção: Carro.
  • Case bem, case uma única vez, case com alguem que partilha dos mesmos pensamentos nas quatro grandes coisas (dinheiro, religião, filhos e sexo). MANTENHA-SE CASADO. Divórcio é um armageddon financeiro. Se não encontrar ninguém interessante, PERMANEÇA SOLTEIRO. Dane-se o que a socidade vai pensar de você, eles não vão pagar a pensão de 1/3 do seu salário depois.
  • Cartões de crédito não são para crédito. Se você pagou juros no cartão de crédito, você é no mínimo um IGNORANTE e no máximo um IDIOTA.
3. FAÇA SEU DINHEIRO TRABALHAR TÃO DURO QUANTO VOCÊ

  • Tenha o retorno que o mercado te fornece. Defina sua alocação de ativos e invista em fundos de índice (PIBB é o mais barato deles)
  • Minimize os impostos. Aproveite a isenção de R$20.000,00 da bolsa e procure só retirar sua renda fixa após o IR cair para o mínimo de 15%.
  • Mantenha as taxas reduzidas (use TD para renda fixa e PIBB/BOVA para a bolsa)
  • Entenda o básico de finanças. Saiba o que é juros composto, risco financeiro, diversificação, o valor temporal do dinheiro, etc.
  • Entenda por que seus aportes mensais importam muito quando você é novo e muito pouco quando você aproxima a independência financeira. Entenda por que o retorno de seus investimentos importam pouco quando você é jovem, mais quando se aproxima da aposentadoria e são FUNDAMENTAIS durante a primeira década após a aposentadoria. Leia e entenda o meu tópico sobre a taxa segura de retorno (TSR).
  • Se você falha em planejar você planeja para falhar. Tenha um plano financeiro escrito.

4. NÃO PERCA DINHEIRO

  • Se você pretende permanecer com a mesma alocação de ativos durante toda sua vida, você está perdendo dinheiro.
  • Tenha um estilo de vida saudável.
  • Não confunda seguro com investimento (Previdência Privada, eu estou olhando para você!)
  • Se o seu empregador também contribuir para sua previdência privada, invista o máximo que puder. Caso contrário, invista em previdência privada caso você queira doar parte da sua rentabilidade para os bancos (afinal eles são muito pobres e necessitados)
  • Fique rico lentamente. Um bom investimento é um investimento que te dê tédio.
  • Não acredite em nenhum conselho financeiro de alguém que tem algo a ganhar com seu investimento (gerente de banco, corretoras, palestrantes pagos, etc.)
E o mais importante... SEJA FELIZ!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nova Corretora

Finalmente a Ativa fez a transferência de custódia das minhas ações e das benditas debêntures da Oi. Agora estou na Link Trade e, ao invés de gastar R$15,00 em corretagem, passarei a gastar R$4,40, afinal de contas só opero no fracionário. R$4,40 é 0,19% de R$2.300,00, que diluído em no mínimo 17 anos dá pouco mais de 0,01% ao ano.

Com essa mudança creio que fiz o que podia no "front" de custos de investimentos. Qualquer economia adicional trará efeitos a longo-prazo irrelevantes ao meu portfolio.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A ilusão do crash de 29

Inspirado no comentário do amigo Jovem Capitalista no último tópico meu, achei importante falar um pouco sobre o temido crash de 1929.

Cerca de 104% dos investidores que aplicam seu suado dinheiro na bolsa de valores são atormentados rotineiramente pelo fantastma do crash de 29. Medo de viverem um filme de terror em que seu portfolio é o ator principal. E filme de terror sempre termina em sangue.

Mas será que há motivo para tanto temor? Numa visão superficial do crash realmente a situação é de dar medo:


multidão assistindo ao jogo da seleção brasileira em 1929


Imagine você, diligente investidor, investindo mês a mês na bolsa de valores, num mercado bull nunca antes visto, até que você chega à sonhada cifra de R$1.000.000,00. Então, 3 anos depois, você perde 90% do que tinha:

PÂNICO

É comum encontrar a afirmativa de que a bolsa demorou 27 anos para recuperar ao patamar inicial. Nada mais longe da realidade. Apesar do indice Dow Jones só ter voltado aos quase 400 pontos apenas quase 3 décadas depois, aqueles que fazem essa afirmação esquecem de dois fatores fundamentais: dividendos e inflação.

O índice Dow Jones não considera dividendos investidos. Caso alguém estivesse comprado no índice na época do crash, os dividendos seriam de incríveis 14% em 1932. Ano após ano esses dividendos fazem a diferença

Além disso, a "inflação" entre o período de 1929 e 1936 foi de -18%. Ou seja, 7 anos depois do crash com o mesmo dinheiro você tinha um poder de compra ainda maior.

Em quanto tempo então o investidor que permeceu investido no Dow Jones demorou para recuperar o dinheiro perdido, em termos reais (incluindo inflação e dividendos)? 4 anos e meio! Bem menos assustador do que os 27 anos imaginados ao se ver apenas o índice Dow Jones. Inclusive a queda com recuperação mais lenta nos EUA foi em 1972, na crise do petróleo, alta inflação e bolsa estagnada: foram necessários mais de 8 anos para a recuperação em termos reais do dinheiro investido.

Claro que nada disso garante que a presente crise será "tão suave" como a de 1929...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Miopia

Pessoal, atualmente estou lendo MUITA coisa sobre diversificação no tempo, retorno a longuíssimo prazo de ações, conceituação de risco dentre outros assuntos de altíssimo interesse mundial (não preciso nem falar que só consigo achar material em inglês sobre esses assuntos).

Nessas leituras li uma passagem interessante e resolvi compartilhar com vocês. Tradução minha do livro "Yes, You Can…Achieve Financial Independence (Sim, você pode... obter independência financeira):
"Um investimento de $10.000,00 feito em 1 de julho de 1932 teria obtido, um ano depois, o pior resultado dos 425 períodos testados: -69%. A maioria das pessoas, se tivessem experimentado tais resultados, assumiriam de que isso seria um indicador de performance futura e ficariam desencorajados. Muitos trocariam seus investimentos para dólares e tentariam achar outro lugar para investir seu dinheiro.

Se eles tivessem confiança nas oportunidades de longo-prazo do Dow Jones e deixassem o investimento parado pelos próximos 29 anos (30 anos total), ele valeria $556.563,00. O investimento original, que começou com o pior resultado anual, aumentou compostamente em média 14,34% (o melhor resultado de 30 anos). Como vocês podem ver, NÃO É SÁBIO ASSUMIR QUE O RESULTADO EM CURTO PRAZO DO INVESTIMENTO É UMA INDICAÇÃO BOA DA PERFORMANCE EM LONGO-PRAZO." (Grifo meu)

Eu tenho que mandar esse texto pra meu amigo que recentemente tava se lamentando por ter comprado ações justamente no topo!

Falando sério agora, assim como um míope que só consegue enxergar a realidade que está bem em frente aos seus olhos, o "investidor padrão" só consegue ver seus investimentos no curto prazo, vendendo ações em momentos de acentuada queda e comprando eufórico ações depois de seguidas altas. A media que a realidade vai se distanciando, a visão fica turva, mas não por um problema ocular, e sim por emoções que atrapalham o julgamento e levam às inevitáveis más decisões. Por falar nele, você sabia que o "investidor padrão" que está no mercado de ações tem um retorno em média bem menor que o do índice (Ibov, no nosso caso)? 

Talvez ele melhore a performance fazendo um exame de vista...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Frase do dia

Frase do dia: "Invista seu tempo ativamente e seu dinheiro passivamente." - Michael LeBoeuf

domingo, 17 de maio de 2009

Sou um cara de sorte

Era maio de 2008. Tinha finalmente juntado cerca de R$10.000,00 que estavam num fundo PIBB em que o banco cobrava 1,5% ao ano para apertar um botão. Ainda assim, tinha conseguido lucrar quase R$1.000,00! Caramba, eu era um cara com muita sorte, começar a investir na boa tendo tanto lucro assim. Após abrir a conta na corretora, lá vou eu todo serelepe fazer minha primeira compra (de cerca de R$8.000,00).

Vejam o gráfico do IBRX-50 de dez/97 até hoje:



Agora vejam no ponto preto o preço que eu paguei na minha primeira compra na vida na bolsa:



Nossa, que cara de sorte que eu sou! Mas esperem, a coisa melhora. Satisfeito da alta recente, eu fiz a façanha de efetuar uma compra ainda "melhor" no mês seguinte:



Fantástico!!! Quem quer me contratar como trader de ações???

Enfim, os meses foram se passando, o dedo que aperta o botão para comprar as ações foi calejando, e durante o mês de 2008 e 2009 continuei firme na estratégia buy & hold:



Dessa vez o santo IBRX teve pena de minha alma e consegui comprar algumas ações bem abaixo do valor de fechamento do mês.

E aqui é o valor que eu preciso que a bolsa chegue para ficar no 0 x 0, comparado com as minhas duas primeiras compras no meu "período de sorte":



Conclusões:

  • Vejam como recebi o "batismo de fogo" desde logo e entendi realmente o que é a estratégia buy & hold. Imagina acontecer o mesmo não com R$10k, mas com R$100k na bolsa? Não sei se eu na época, iniciante, teria os nervos para segurar.
  • A elaboração de preço médio possibilitou que eu me recupere das perdas e da minha "sorte" inicial a um preço 25% menor do que o das compras no topo do ibrx50.
  • Porra, meu ROI tá negativo de novo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A TSR (Taxa Segura de Retirada) - Parte Final

Bem, já vimos que nos EUA foram feitos diversos estudos e chegou-se à conclusão de que um valor seguro para a TSR seria 4% ao ano, ou pouco menos que 0,33% ao mês. De acordo com outro estudo, através de utilização de bonds, dentre outros métodos, o gasto anual poderia ser de ao menos 4,46% ao ano, ou pouco menos de 0,371% ao mês. A pergunta de literais 1 milhão de reais é: como aplicar esses estudos à realidade brasileira?

A fundamental diferença que existe é que o Brasil e os EUA possuem mercados bastante distintos. Enquanto no Brasil temos maior inflação e risco, por outro lado temos maior retorno. Essa máxima se aplica tanto à bolsa de valores (com seu desvio padrão de cerca de 30%) quanto aos títulos públicos (que teoricamente possui um risco de default maior que o americano).

A chave se encontra em maximizar o retorno e minimizar o risco. Enquanto o risco adicional na bolsa de valores é algo bem real (vide o desvio-padrão cavalar do Ibovespa), o risco dos títulos não o são. Dessa forma, apresenta-se uma enorme oportunidade, talvez a última para os brasileiros que querem se aposentar com segurança.

A idéia é investir em títulos públicos que possuam alto retorno, longuíssima maturação e protegidos contra a inflação. A resposta está nas NTNBs.

NTNBs são títulos que o governo brasileiro oferece que se comprometem a pagar um valor fixo mais a correção do IPCA, com prazos longos e pagamentos de bônus semestrais. Atualmente temos NTNBs com maturação para até 2024 e 2045, com rendimento bruto de 7,12%+IPCA. O rendimento líquido fica em cerca de 5,9%+IPCA ao ano, o que possibilitaria uma retirada mensal de cerca de 0,5% ao mês, sem considerar o montante principal.

Apenas a título ilustrativo, aqui vai a taxa paga por títulos públicos de alguns países:

  • Alemanha - 15 anos - 6,25%
  • Austrália - 15 anos - 5,75%
  • Japão - 30 anos - 2,3%
  • Inglaterra - 15 anos - 5%
  • EUA - 30 anos - 4,25%
  • EUA - 30 anos - 3,37%+inflação
Notem que, com exceção do último título americano, todos os títulos mencionados não possuem QUALQUER proteção contra a inflação. Ou seja, o título brasileiro além de pagar uma taxa altíssima ainda remunera adicionalmente o papel para que o mesmo não perca o valor real investido. Esse tipo de investimento com um retorno tão elevado é algo INEXISTENTE em países desenvolvidos.

Portanto, se eu tivesse HOJE os 1,5 milhão necessários para me aposentar (meu objetivo são 3 milhões de reais de 2025, que com inflação de 4,29% ao ano equivalem a 1,5 milhão de reais de 2009) investiria 100% em NTNBs com maturação a mais longa possível. Opa, mas peraí... como eu poderia retirar 0,5% ao mês e não apenas 0,33%, o valor necessário cai de 1,5 milhão para 1 milhão! Isso representa uma economia de R$500.000,00 reais de hoje ou R$1.000.000,00 de reais a menos em 2025! Agora entendam por que essa é REALMENTE uma pergunta de um milhão de reais!

Quais os riscos dessa estratégia? O maior é o chamado risco de maturação, que significa chegar lá em 2025 ou 2046, o título vencer e na renovação encontrar apenas taxas de 2%+inflação, p.ex. O seu portfolio que rendia R$15.000,00 + inflação vai passar a render R$5.000,00 + inflação. Claro que essa mudança não será busca, pois como a acumulação foi gradual, a renovação também o será. Uma forma de se proteger contra esse risco é ou diversificar parte do portfolio em ações para compensar a perda de rentabilidade - aumentando-se um pouco o risco - ou então não efetuar retiradas do principal durante o período que os títulos mantiverem-se pagando bem.

O segundo tipo de risco que essa estratégia possui é o risco soberano... ou seja, o governo diz "Screw you guys, I'm going home!", dá o calote e você fica a ver navios. Solução: diversificar em debêntures, CDBs, títulos hipotecários, enfim qualquer outro título de renda fixa que não dependa do governo para seu pagamento. O problema é que o risco inerente de um CDB ou debênture será sempre maior que o risco soberano em si, e a grande maioria deles não possui proteção contra inflação.

Sinceramente, acho os riscos de tal estratégia mínimos. O risco de maturação é plenamente coberto caso se mantenha a proteção do principal, e acho quase impossível o Brasil dar o calote em milhões de brasileiros que atualmente investem em tesouro direto.

Dito isso, por que eu hoje já não me entupo de NTNBs ao invés de me arriscar na bolsa? Pelo simples motivo de que um portfolio de crescimento do ativo é completamente diferente do portfolio de proteção do ativo. Quero aproveitar o longo período até a aposentadoria e obter retornos maiores na bolsa do que teria nos NTNBs... o único risco é, ao chegar em 2025, só encontrar títulos com baixa rentabilidade. Minha estratégia, no entanto, é em épocas de SELIC elevada (que certamente virão) eu "travar" parte do portfolio em tais títulos, aproveitamento uma alta momentânea num retorno seguro e permanente.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ROI positivo!!!

Graças à insanidade temporária do nosso querido e odiado Ibov meu ROI (não sabe o que é ROI? Clique aqui) líquido pela primeira vez na vida está positivo em +1,63%, ou +2,51% a.a. Minha aposta é que essa bonança vai durar pouco tempo (i.e. estamos num bear rally), mas quem sou eu pra achar o mercado certo ou errado? O importante é estar dentro dele (hummmmm, sei...)!

Hoje também finalmente fizeram a liquidação das minhas debêntures da Oi... isso significa quea partir de hoje tenho cerca de R$2.000,00 corrigidos com 102% do CDI já abatido o famigerado IR!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A TSR (taxa segura de retirada) - Parte II

Para os desavisados, dêem uma lida no tópico anterior antes de seguir em frente.

Como discuti anteriormente, ainda estamos com o problema de saber quanto podemos retirar mensalmente após adquirirmos a Independência Financeira e deixarmos de trabalhar. Algumas propostas mais simples foram analisadas e argumentei o motivo de serem insuficientes.

Felizmente, para nós moradores da república atrasada das bananas chamada Brasil, os colegas estadunidenses já estudam isso há algum tempo, sendo o estudo mais famoso e discutido entre eles o chamado Trinity Study. Eles pegaram um portfolio hipotético de 50% em renda fixa e 50% em ações e testaram do período entre 1925 e 1995 nos EUA. Resultado: Se a pessoa gastar cerca de 4% do portfolio inicial + inflação todo ano, há uma chance entre 95% e 100% dela não consumir todo o portfolio nos próximos 30 anos. 

Aqui vai um gráfico do estudo explicando melhor:



Observem que uma maior exposição à renda variável traz maior chance de sobrevivência em caso de retiradas elevadas, e uma aplicação 100% em renda fixa possui resultados catastróficos.

Inicialmente 4% pode parecer pouco, e de certa forma é, ainda mais para nós brasileiros acostumados com uma poupança anual de 6% + TR ou títulos públicos que pagam inflação + 7%. No entanto, lá a realidade é bem diferente... os títulos muitas vezes pagam 5% ao ano ou inflação + 2%, de forma que muitos vão para a bolsa em busca de rentabilidades maiores... o problema é de ocorrer uma crise monumental justamente após você se aposentar (como a atual) e ver suas ações caírem pela metade. Segundo esse "Trinity Study", além de outros que corroboram esse estudo, a retirada de 4% anual é segura para períodos de 30 anos. Caso você espere viver por mais tempo a retirada deve ser menor, entre 3% e 4%. Uma alternativa é aumentar a exposição em renda variável e manter os 4%.

Esse estudo foi criticado em outro estudo por ninguém menos que o prêmio Nobel William F. Sharpe (o que inventou - obviamente - o índice de Sharpe), dentre outros, que pode ser encontrado aqui. Nesse estudo Sharpe alega que na maioria das vezes as pessoas precisam juntar uma quantia enorme de dinheiro para poder ter segurança, de forma que literalmente pagam um preço muito alto por utilizarem uma base variável (que é a bolsa de valores) para retirar valores fixos. Como alternativa, ele indica a compra de títulos do tesouro indexados contra a inflação, mesmo com rentabilidades baixas (pouco + de 2%). Dessa forma, em 30 anos seria possível retirar 4,4% ao ano e não apenas 4%. Quanto trabalho por apenas 0,4%, não?

Ainda assim, esse estudo de Sharpe possui alguns problemas, como por exemplo utilizando-se essa estratégia, após 30 anos com 100% de certeza você não terá um puto furado. E se você decidir viver 35 e não 30 anos? Melhor morrer logo... Além disso, e se meu prazo for de 50 e não 30 anos? A taxa cai para bem menos do que 4%, o que só piora no meu caso...

Notem também que o fato de você utilizar um pouco + de 4% não leva você automaticamente ao inferno financeiro. Na verdade, mesmo com retiradas de até 5% ao ano você ainda tem + de 80% de chance de sobreviver... aqui vai um gráfico comparando isso:



Esses gráficos podem ser um balde de água fria para muitos de vocês, mas lembrem-se que temos que ser muito cautelosos, pois um plano dessa magnitude não admite erro... é simplesmente maluquice fazer como muitos "planejam" assumindo uma rentabilidade de 12%, inflação de 4% e portanto podem consumir 8% do portfolio, sem sequer tocar no principal!!! Lembrem-se que a inflação pode disparar, as taxas de juros podem cair, a bolsa pode despencar, e nisso tudo seu portfolio precisa sobreviver, pois sua vida vai depender dele!

Como eu falei, esses estudos foram feitos nos EUA, terra da liberdade, juros baixos, obesidade e estudos complicados... mas o Brasil é um país bem diferente. Como aplicar e adequar esses estudos à realidade tupiniquim, tentando obter uma taxa segura de retirada maior?

Isso é assunto pra parte final...