segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Alguém me explica isso?


Quem em sã consciência devolve 1 quota/ação? Controle milimétrico de risco? Tiração de sarro? Insanidade?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esse blog é "propaganda-free".

Não sei se vocês repararam, mas desde a semana passada eu retirei toda e qualquer propraganda do blog. Não por falta de retorno (o Adsense estava rendendo uns trocados), mas por dois motivos:

1- Meu objetivo nunca foi ganhar dinheiro com o blog, mas sim interagir com demais investidores sobre assuntos financeiros e de certa forma poder divulgar minha "intimidade financeira" sem comprometer minha privacidade ou gerar inveja de amigos/parentes.

2- As propagandas que estavam no blog pelo Adsense eram para sites os quais eu discordava absolutamente. Acho que essa área financeira (ainda mais finanças pessoais) já possui lixo o suficiente para eu ficar ajudando ainda mais a propagá-lo (pior, ainda ganhar com isso).

Portanto, permanece aqui o comprometimento que tive desde o dia 15 de abril de 2009, quando criei o blog: Informação de qualidade para leitores de qualidade.

Em busca de estreitar o laço com demais leitores/investidores, fica aqui o meu msn para quem quiser tirar dúvidas ou apenas conversar: aposentado42 arroba gmail.com

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL - Parte II

Obs: para os desavisados, dêem uma olhada antes na parte I do artigo.

Por que a mídia tem sempre que tratar o indivíduo como um ser menos inteligente do que ele realmente é? Por que ela teima em não responder as perguntas realmente importantes? Por que os textos são na sua maioria das vezes genéricos e praticamente não ajudam a pessoa a tomar uma decisão informada?

Esse tipo de praga está especialmente alastrada no meio financeiro. Afinal, se existem abominações como astrologia financeira é porque tem algo muito errado acontecendo. Hoje vamos ver na prática como os textos sobre PGBL e VGBL não ajudam e muitas vezes atrapalham o investidor comum a tomar decisões financeiras.

Os artigos geralmente são extremamente parecidos e seguem o seguinte padrão:

1- Como investir mais cedo em previdência privada possui consequências exponenciais ou na contribuição necessária ou no montante final.
2- Diferenças básicas entre PGBL e VGBL, geralmente ressaltando as virtudes dos 12% do PGBL.
3- Regime tributário de ambos os planos
4- Explicação rápida sobre as taxas de carregamento e administração.

Não vou utilizar como exemplos sites dos bancos ou de seguradoras pois eles tem todo o interesse em enganar o investidor em benefício próprio.

Exemplo 1: Invertia - Terra
Exemplo 2: Guia UOL Economia
Exemplo 3: Dinheirama
Exemplo 4: Globo Economia
Exemplo 5: IG - Poupa clique

Sempre as mesmas informações, sempre os mesmos resultados, sempre a mesma enganação.

Mas você deve estar pensando... "mas peraí Independência, e os 12% de abatimento do PGBL? É uma vantagem absurda a favor desses planos! Até o Gustavo Cerbasi é a favor de previdência privada nesses casos!! Deixe de birra!"

No livro Investimentos Inteligentes, Gustavo Cerbasi devota todo um capítulo para a previdência privada. No livro ele diz:

"Também com uma boa escolha você poderá colher, no longo prazo, resultados inalcançáveis por meio de fundos com estratégias de investimento semelhantes". (Grifo meu)

"Os recursos do investidor serão investidos em um fundo de previdência, semelhantes aos fundos que acessamos através dos bancos, mas que é específico para a finalidade de previdência. Essa característica traz grande segurança, pois todos que investem nesse fundo têm objetivos de longo prazo - o que permite a seu gestor fazer escolhas mais adequadas para um perfil dessa natureza. " (Grifos meus)

Vejam o canto da sereia, "grande segurança" (até onde eu saiba adicionar um intermediário entre você e seu investimento não aumenta a segurança dele, ao contrário adiciona o chamado risco de gestão), "seu gestor fazer escolhas mais adequadas" (como se o gestor tivesse uma capacidade maior do que você em saber o que é melhor para si).


"Além das vantagens matemáticas que os planos de previdência podem trazer, existem também vantagens estratégicas para a proteção da família"

Não dá para discutir com a matemática, não é mesmo?

"Não resta dúvida de que planos de previdência privada são a maneira mais simples e segura de enriquecer. Provavelmente, não é a maneira mais rápida, mas a segurança é inquestionável"
Mais uma vez, não há segurança adicional alguma. Pelo contrário, é um risco a mais que se corre pois a seguradora pode quebrar. Engraçado que antes a previdência privada possuía vantagens matemáticas e um parágrafo depois ela provavelmente já não é a mais rápida.

"Obviamente, se você se considera um investidor ativo, conhecedor do mercado e das melhores oportunidades, não precisa pagar taxas de serviços para construir sua riqueza, e sua rentabilidade diferenciada pode até superar o benefício fiscal obetido pela previdência"

Segundo o autor, se eu não for um investidor ativo, eu não tenho chance de superar a previdência privada, já que não obterei a tal "rentabilidade diferenciada". Notem que está implícito que apenas as vantagem da taxa não é suficiente para superar a previdência.

Resumindo, o autor considera que a previdência privada possui vantagens matemáticas comparados aos demais, mas que ao mesmo tempo não é o método mais rápido de se acumular riquezas. Meio confuso, mas vejamos que conclusões ele chega posteriormente no livro:

Retirado da página 231 do livro Investimentos Inteligentes


Veja que ele sequer comparou com Tesouro Direto ou aplicação direta na bolsa. Além disso, cadê a taxa de administração? Segue a explicação do autor sobre os cálculos:

Clique para ampliar!!!

Ok, rentabilidades idênticas são impossíveis de acontecer. Qual é a utilizade então de algo que sabemos que NÃO acontecerá em hipótese nenhuma? Por que não pegar a rentabilidade histórica média do Ibov menos a taxa de administração e comparar com um portfolio 51% renda fixa 49% bolsa e outro 100% renda fixa? Não estamos tratando de detalhes aqui, mas de uma diferença fundamental que modifica completamente o resultado final! E cadê a taxa de administração?!???!??!?

Além disso, como assim "provavelmente será mais rentável"? Como ele chegou nessa conclusão? Pior, como se chega numa decisão "provável" em um estudo hipotético desse tipo?

Por fim, a idéia de que 10% a 20% seja uma rentabilidade aceitável para a bolsa no longo prazo não possui qualquer base com a realidade. Prova disso pode ser visto no livro do ano de 2009 do Instituto de Pesquisa do Credit Suisse, cujo gráfico mostro abaixo:


Bem longe dos 10% a 20%.

Para concluir essa parte II, vou colocar um "achado" pessoal meu, que é um e-mail que troquei com o próprio Gustavo Cerbasi em janeiro de 2006, o que me causou ainda mais estranhamento das posições que ele defende no livro. Meu e-mail:

Gustavo,

Na entrevista que você concedeu à revista Você S/A desse último mês, você informou que, se comparados ao longo prazo a Previdência Privada não é o investimento mais adequado. Eu tenho essa dúvida há muito tempo e até hoje não vi cálculos concretos demonstrando a taxa líquida de retorno no investimento feito em um fundo de previdência privada. Eu tenho a impressão que o fundo de previdência privada geralmente vence, desde que se deduza os 12% anuais, que esse dinheiro esteja na faixa de 27,5% do IR e que se reinvista o dinheiro que deveria ir para o Governo, ainda que em um outro fundo (renda fixa, etc). Você levou em conta esse reinvestimento no cálculo realizado para informar que os fundos de previdência privada ao longo prazo não valem a pena?

Não tenho dúvida, porém, que deve-se dar um cuidado especial às taxas de administração e carregamento que os bancos nos extorquem, digo, cobram, pois com 3% de taxa de administração ao ano + carregamento é quase impossível obter uma rentabilidade adequada.

Parabéns pelo seu sucesso. Você sem dúvida batalhou para merecê-lo.

Engrçado que mesmo há tanto tempo atrás eu já tinha um olho bem aberto pra essas taxas cobradas pelos planos de previdência privada. Vejamos a resposta:

Olá XXXXXXXX,
Obrigado por seu e-mail. Você detectou o motivo de minha conclusão. Apesar das vantagens tributárias da previdência, os elevados custos praticamente fazem com que seu desempenho empate com o de bons fundos de renda fixa. Se você levar em consideração a possibilidade de perda de oportunidades que o "engessamento" do plano lhe confere, não fica difícil optar pela auto-disciplina e escolher bons fundos.
Um abraço
Gustavo Cerbasi
Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro
Rua Doutor Neto de Araújo, 320 - cj. 1209
Vila Mariana - São Paulo - SP - 04111-001
Tel. +55 11 5573-6611
www.cerbasieassociados.com.br

Minha cara após reler o e-mail hoje (não, não sou eu).

Preciso explicar mais algo?

Na verdade, se você é um leitor atencioso, sim, preciso mostrar os cálculos do PGBL ante a vantegem fiscal de 12% e comparar com investimentos diretos em bolsa/renda fixa/tesouro direto, além de outros cálculos interessantes, o que vai ser feito na parte final. Até lá!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL - Parte I

Desde o início da civilização, o homem procura obter vantagens às custas do seu semelhante. Reis vivendo às custas de seus súditos, brancos explorando negros, governos taxando cidadãos. Com o desenvolvimento das sociedades, métodos compulsórios desses tipos de vantagens são hoje ilegais (com exceção dos tributos impostos pelo governo), fazendo-se necessário a utilização de técnicas mais sutis, como jogos de azar (Mega-Sena), esquemas ponzi (Herbalife) e, claro, nossa querida previdência privada. Hoje vou ensinar a vocês como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL.

Aviso: Não vou perder tempo nesse artigo explicando a origem, tributação e regime dos planos, isso você encontra em qualquer site meia boca. A idéia do blog sempre foi de trazer informações mais selecionadas a um público também mais selecionado.

Já está claro aqui que nosso objetivo é perder dinheiro. O primeiro passo é a escolha do plano, se PGBL ou VGBL. A diferença entre ambos é que o PGBL possui abatimento de até 12% do IR se você faz declaração completa e tributação sobre TODO o valor no momento do resgate, já o VGBL depende do regime escolhido, mas a tributação é apenas sobre os rendimentos. Portanto, para perder o máximo de dinheiro você tem que optar pelo PGBL caso faça declaração simplificada ou seja isento de pagamento de IR (garantindo assim a bi-tributação), e optar pelo VGBL caso faça a declaração completa (eliminando qualquer eventual vantagem financeira do plano). Se você investir em PGBL, faça questão de resgatar totalmente o valor a cada dois anos e assim pagar 35% de IR sobre TODO o valor.

Acima: destino do Imposto de Renda que você pagou

Feito isso, garantimos que pagaremos o máximo de imposto possível. O próximo passo é escolher um fundo que possua o máximo de taxas possíveis, especificamente as taxas de carregamento e principalmente as taxas de administração.

Se você contratar um fundo de previdência privada de um grande banco é praticamente certo que você perderá muito dinheiro. Exemplos do Bradesco (3% de taxa de adm. e 5% de carregamento), Banco do Brasil (3,4% de taxa de adm., 4% de carregamento antecipado e até 1,5% de carregamento postecipado... no BB a faca entra por todos os lados rsrs), Itaú (3% de taxa de administração), etc. etc...

Prestem bastante atenção que a taxa de administração é muito mais eficaz em tirar seu dinheiro do que a taxa de carregamento, já que a primeira é sobre todo o patrimônio (e abatida diariamente... aff), enquanto a segunda age "apenas" sobre as contribuições.

De quanto dinheiro estamos falando em perder utilizando os maravilhosos fundos de previdência privada? 10 mil? 50 mil? 100 mil?!?!?

Vamos usar o meu caso... R$2.300,00 por mês com rentabilidade de 1,2% ao mês durante 17 anos, no primeiro caso sem qualquer taxa e no segundo com 3% de administração e 5% de carregamento. Para simplificar a taxa de administração é abatida mensalmente ao invés de diariamente (melhorando levemente de forma artificial o resultado da previdência privada).



Sem previdência privada: R$2.016.844,52
Com previdência privada: R$1.347.709,51

R$670.000,00 em 17 anos! Isso dá, linearmente, ~R$3.300,00 por mês!

Agora vamos aumentar em apenas 3 anos o prazo, para 20 anos:


Sem previdência privada: R$3.202.677,90
Com previdência privada: R$1.949.896,78

R$1,25 milhão em 20 anos. Notem que 20 anos não é um prazo extremamente longo. É razoavelmente comum vermos portfolios com prazos de 30, 40 anos ou mais. Nesse caso a diferença fica ainda mais absurda. Tal situação é no mínimo irônica já que esses planos são teoricamente indicados para aplicações de longuíssimo prazo...

Se analisarmos todos os planos, veremos que existem alguns com taxas não tão extorsivas. Digamos que você tenha um valor razoável para investir e, buscando a melhor taxa, procure seguradoras não tão sólidas assim. Vamos presumir, portanto, que você achou um excelente plano que cobra 1,5% de taxa de administração e 0% de taxa de carregamento. Como um plano desses sairia no meu caso? Vejamos:


Sem previdência privada: R$2.016.844,52
Com previdência privada: R$1.687.806,15

Diferença de R$329.000. Veja que eu não considerei ainda o Imposto de Renda, que será de no mínimo 10% caso utilizado o regime regressivo. Nesse caso, ainda que fosse um VGBL, a diferença aumentaria no mínimo mais R$100.000,00.

Outro fator importantíssimo considerado é a presunção de rentabilidades idênticas. Ora, sabemos que no prazo longuíssimo a chance da bolsa de valores render mais do que a renda fixa é bastante alta. Ainda assim, o governo (sempre ele) restringiu os planos a possuírem no máximo 49% do portfolio em bolsa, praticamente garantindo uma rentabilidade inferior no momento que o indivíduo for retirar seu suado dinheiro.

Acima: "Investidor" de PGBL/VGBL, feliz após doar dinheiro para bancos/governo

Na próxima parte veremos porque a vantagem tributária do PGBL não é suficiente para tornar esses planos atrativos, exemplos de como a mídia convencional trata esse assunto com a mesma profundidade de uma piscina infantil sem água, além de rebater os argumentos de Gustavo Cerbasi utilizados no livro Investimentos Inteligentes a favor dos planos de previdência. Por fim, mostrarei os dois únicos casos em que vale a pena investir nesses planos.