segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comissões/Taxas/Impostos e seu efeito devastador

Vivemos num país de altas taxas, tanto de juros quanto de administração. Não é incomum ver grandes bancos cobrando 4,5% ao ano num fundo de renda fixa, ou inacreditáveis 4% de tx. de administração e 5% de tx. de carregamento num fundo de previdência privada. Se você tem dinheiro aplicado em um fundo desses, parabéns! Você é mais um OTÁRIO dos milhões de brasileiros que não sabem investir seu dinheiro.

Mais uma vez recomendo o site Firecalc. Ele possui uma ferramenta que investiga como a taxa de administração do seu Portfolio influi na taxa de sobrevivência da sua aposentadoria antecipada. Quando as taxas chegam a 1,5, 2, 3% a coisa fica feia... a sua chance de sobrevivência chega a cair mais de 50%(!!!) somente com o valor da taxa. Ficou impressionado? Então é bom fazer algo a respeito.

No meu caso, tenho enorme tendência a investir em fundos/produtos com baixíssimas taxas de administração. Na RV, invisto totalmente em cotas PIBB que possuem ridículos 0,059% ao ano de taxa de administração, de forma que a cada 10 mil reais eu pago R$0,49 (você leu certo.. . 49 centavos) por mês de taxa. Como eu preciso comprar essas cotas na bolsa de valores, utilizo a ATIVA que me cobra R$15,00 por operação, sem taxa de custódia. Como invisto em média R$1.500,00-R$3.000,00 em apenas uma operação por mês, o custo fica cerca de 1-0,5% independente do tempo que ficar. Como vou manter essas ações por no mínimo 17 anos, isso dá 0,059-0,029% AO ANO, ou 0,0049%-0,0024% ao mês... algo realmente ridículo. Note que desprezei emolumentos/ISS cobrados na bovespa (que dá em média 1 real) e a corretagem que pagarei daqui a vários anos quando vender as ações.

Na parte de renda fixa, investirei em debêntures da Oi que possui taxa de custódia de 0,03% ao ano e em um empréstimo garantido em que não pago taxa de administração. Apenas pro dinheiro de capital de giro do mês (que não supera R$800,00 na maioria das vezes) pago 4% de tx. de administração num fundo bradesco em 50% do capital de giro (ou seja, R$400,00), já que não dá para investir em poupança (o dinheiro fica por menos de 30 dias) nem em TD (sem liquidez necessária), muito menos ações (muito risco). Os outros 50% vão para CDB que não cobra tx. de administração, mas acaba rendendo +- igual ao fundo do bradesco já que este cdb me rende fenomenais 77% do CDI.

Estou me atropelando um pouco nessa conversa de capital de giro, já que é material pra outro post, mas é bom deixar claro que essa explicação toda no parágrafo anterior referente ao capital de giro pouco influi na minha rentabilidade (afinal 0,5% de R$800,00 são apenas 4 reais).

Outro fator a atentar é o imposto de renda e se esse imposto é aplicado de tempos em tempos ou apenas no vencimento. Algumas estratégias devem ser adotadas:

  • Se você aplica em ações, procure vender menos de R$20.000,00 no mês. Nesse caso você está isento de IR, independente do ganho capital que houve. Essa é uma verdadeira ponte de ouro que todos que aplicam em ações diretamente devem aplicar (e é até um estímulo para não aplicar em fundos de ações, que cobram 15% independente do valor realizado).
  • Se aplicar em renda fixa, procure títulos com vencimentos longos (alguns títulos do TD, CDB de 5 anos, Debêntures com prazos longos) e evite aqueles que possuem come-cotas (fundos DI e RF "pega-otário", títulos do TD com vencimentos curtos ou com pagamentos de prêmio semestrais). Não se esqueçam, no entanto, da liquidez... de nada adianta comprar um título do TD com vencimento integral para 2020 se você pretende se aposentar já em 2015, p.ex... a liquidez aqui é um fator importantíssimo que deve ter preferência ao pagamento de imposto, afinal deve-se sempre manter o fluxo de caixa.
Para ilustrar a questão, vai aqui um gráfico do excelente livro "Investment Analysis and Portfolio Management" de Frank Reilly sobre um mesmo investimento com a mesma rentabilidade nominal, mas um pagando taxas anuais e outro só pagando taxa no final do investimento.




Diferença de "somente" 100%!!! Vejam como detalhes do seu plano podem acarretar a falha ou o sucesso dele... coisas aparentemente inocentes como tx. de administração, impostos, inflação podem fazer uma diferença ENORME no seu patrimônio que ao final determinarão se você se aposentará aos 40 ou aos 65 anos...

4 comentários:

  1. Comecei ler seu blog do inicio, tem umas coisas que concordo outras discordo, mas em fim, estamos no mesmo caminho a independência financeira!
    E esse post em especial me elucidou muitas coisas, não fazia idéia que a taxa fazia tanta diferença assim, você conhece algum bom livro sobre isso em português? que possa me indicar!

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  2. 1- Com pagamento de rendimento semestral você tem liquidez para realocação (afinal, nem todo mundo tem a mesma estratégia que você)
    2- Dá pra reinvestir o pagamento do rendimento no título se for o caso (apesar de ter de esperar mais alguns anos para reduzir novamente o IR).

    Vai tudo da estratégia...
    Seu blog é muito bom, mas cuidado para não achar que a sua é a única e melhor estratégia ;-)

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  3. No caso você não deixa dinheiro para reservas em poupança? Investe tudo mas variando em investimento de alta liquidez, certo?

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