Taí um assunto em que é fácil falar merda a respeito. Assim como não se deve investigar passado de mulher nem cozinha de restaurante (quem conhece não come!), olhar para o retorno a longo prazo desses ativos é uma tarefa temerária, por dois motivos: vivemos um mercado bull de renda fixa completamente surreal que muitíssimo provavelmente nunca mais retornará (se eu encontrar títulos pagando 20-40% a.a. de novo minha alocação vai pra 100% RF!), além da bovespa, após a abertura da mesma ao mercado externo, ter incorrido num mercado bull e estabilização econômica também difícil de se repetir. Eram os tempos em que todos se achavam os traders, diziam que 5% a.m. era um retorno fácil de se repetir... enfim, os filhos da alta, muitos desses prematuramente mortos em 2008 :D
Feitas essas ressalvas iniciais, vamos aos números :
O retorno está anualizado. Vejam como desde o início do plano real (jul/94) até o fim de 08 a bolsa ainda conseguiu um retorno espetacular de 17,5% a.a. o CDI, graças à crise de confiança de 98, chegou a impressionantes 23,1%, surrando o índice Ibovespa. Essa disparidade é alargada se vermos o período áureo do CDI, entre 94 e 98. No período de 99 a 08 vemos como as coisas tendem a se normalizar com o Ibovespa com um retorno um pouco superior ao CDI, mesmo sofrendo dois períodos bears em 10 anos.
Esses números são um exemplo claro de como a utilização cega de rentabilidade passada como critério único para escolhas de classes de investimento pode levar a resultados desastrosos. Com a taxa SELIC atualmente em 9,25%, é praticamente impossível um investidor ter um retorno de 17,6% novamente investindo exclusivamente em títulos de renda fixa, mesmo com aumento da inflação futura.
O mesmo pode ser dito do Ibovespa que, apesar de a longo prazo a rentabilidade provavelmente será superior ao CDI (afinal, o equity premium deve existir), quem espera uma rentabilidade de 18,7% anualizada provavelmente se decepcionará. A ponte de ouro para quem queria se aposentar de forma fácil e rápida já se passou. Estamos no tempo de maior estabilidade econômica, em que o retorno está invariavelmente ligado a muito estudo, muito risco e pouquíssimas certezas...
Feitas essas ressalvas iniciais, vamos aos números :
O retorno está anualizado. Vejam como desde o início do plano real (jul/94) até o fim de 08 a bolsa ainda conseguiu um retorno espetacular de 17,5% a.a. o CDI, graças à crise de confiança de 98, chegou a impressionantes 23,1%, surrando o índice Ibovespa. Essa disparidade é alargada se vermos o período áureo do CDI, entre 94 e 98. No período de 99 a 08 vemos como as coisas tendem a se normalizar com o Ibovespa com um retorno um pouco superior ao CDI, mesmo sofrendo dois períodos bears em 10 anos.
Esses números são um exemplo claro de como a utilização cega de rentabilidade passada como critério único para escolhas de classes de investimento pode levar a resultados desastrosos. Com a taxa SELIC atualmente em 9,25%, é praticamente impossível um investidor ter um retorno de 17,6% novamente investindo exclusivamente em títulos de renda fixa, mesmo com aumento da inflação futura.
O mesmo pode ser dito do Ibovespa que, apesar de a longo prazo a rentabilidade provavelmente será superior ao CDI (afinal, o equity premium deve existir), quem espera uma rentabilidade de 18,7% anualizada provavelmente se decepcionará. A ponte de ouro para quem queria se aposentar de forma fácil e rápida já se passou. Estamos no tempo de maior estabilidade econômica, em que o retorno está invariavelmente ligado a muito estudo, muito risco e pouquíssimas certezas...
ô, Independência, muito cuidado com frases do tipo "daqui pra frente tudo vai ser diferente..."
ResponderExcluirNinguém sabe até que ponto a rentabilidade, em muitos períodos, superior dos juros refletiria características do país.
Lembre-se que Pindorama tem uma carga tributária confiscatória (talvez maior do que a que motivou a Inconfidência Mineira, quando se pagava o quinto Real) e a disposição dos habitantes em poupar é baixa.
Ô Anônimo, é inegável que a tendência dos juros brasileiros é de baixa quando comparada aos períodos anteriores em virtude da maior estabilidade econômica, independente da carga tributária (q nao tem mais pra onde subir), etc... taxas acima de 40% como vimos uma década atrás são muito difíceis de se repetirem.
ResponderExcluirIF,
ResponderExcluirVocê mostrou nos diversos artigos aqui no blog que a volatilidade da bolsa em escalas maiores (20 anos, 30 anos) é bem pequena e o retorno bem superior a renda-fixa.
Porém, este é um estudo apoiado no mercado americano em que os juros são baixos e a população já está acostumada à poupar utilizando ações.
Aqui no BR temos um dos maiores juros nominais e reais do mundo.
Isso não lhe faz pensar em uma alocação incial de 80% RV e 20% RF?
Ao menos para obter uma melhor vantagem da diversificação entre classes diferentes, ao invés de convergir para 100% RV?
Veja que não estou criticando sua estratégia, apenas jogando alguns pontos para que tanto eu como você possamos refletir melhor sobre as oportunidades que temos.
O que acha de simular uma carteira em 100% RV e 80% RV e 20% RF de 1994-2009 (viés da RF muito alto) e 1999-2009 (amenizando este viés)?
Poderia fazer uma sem re-alocar e outra re-alocando sempre que o desvio passar de 10%...
Depois poderíamos tirar algumas conclusões.
Fica aí a sugestão!
Abraços!
Henrique, esse é um ótimo questionamento, mas não só nos EUA como também em todo o mundo há uma tendência fortíssima do retorno a longo prazo das ações ser maior do que renda fixa, com risco menor, com algumas exceções. Os juros altos de fato prejudicam o equity premium, mas lembre-se que essa tendência de queda a longo prazo da taxa só reforça o investimento em ações. O fato é que não há, na atualidade, nem juros de 20% a.a. nem relação do p/l do ibov a 50x que indiquem uma sobrevalorização da bolsa ou atratividade absurda da renda fixa...
ResponderExcluirOs ganhos de rebalanceamento, pelos estudos que vi, não valem a pena ante à expectativa de retorno superior da bolsa, fora questões tributárias e de custos...
Isso, claro, é exclusivo para a fase de acumulação...
Lembre-se também que o retorno real líquido que se obtem atualmente na renda fixa está na faixa de 5% a.a... nos EUA a bolsa rendeu em termos reais no longo prazo 7-8% a.a... não acho improvável o Brasil oferecer retorno líquido de 10-11% (cerca de 15% bruto), o que daria um equity premium de 5%, nada absurdo... se desconsiderarmos as taxas, o equity premium fica ainda mais baixo, 3,5%, enfim nada fora do comum a meu ver!
ResponderExcluirMas claro, TUDO pode acontecer, inclusive eu sair com menos do que coloquei daqui a 15-20 anos... mas que é improvável, isso é!
Acho que o portfolio mais eficiente seria algo entre 10-20% de RF x 80-90% ações, associado a uma politica de rebalanceamento; daria um retorno muito proximo e com muito menos risco.
ResponderExcluirAbs
Inv e Fin, não concordo... veja que o bônus de rebalanceamento nem sempre funciona; é só imaginar um prolongado mercado bull ou lateral. Além disso, por definição, um portfolio 100% de ações tem que estar na fronteira eficiente. Calcule a diferença que 1% a.a. faz ao longo de 20/30 anos para você ver que o "retorno muito próximo" não é tão próximo assim. Por fim, em prazos muito longos ações possuem menos risco que renda fixa, conforme o livro "Stocks for the long run", dentre inúmeros outros artigos... portanto, não vejo justificativa pra esses 10-20% de RF num portfolio unicamente para crescimento como é o meu atualmente.
ResponderExcluirIF,
ResponderExcluirObrigado pelas suas opniões.
Cada um tem um aversão à risco diferente e tem convicções diferentes sobre o mercado. Acho excelente o plano que você está montando se adequando às suas premissas.
Fiquei curioso com o fato de você citar o P/L da Bolsa que pode apresentar uma relação muito alta. Esse indicativo o faria diminuir a posição na bolsa?
Aliás, alguém sabe onde arrangar o P/L atual e histórico do Ibov?
Abraços!
IF 42,
ResponderExcluirComo deve saber o portfolio eficiente não é necessariamente o que tem o maior retorno; mas o que tem a melhor relação de risco/retorno. Acho que um potfolio de 100% ações só seria melhor em um grande mercado bull de LP; no cenário atual acho um pouco perigoso. Mas torço para que vc esteja certo, pois assim todos ganhamos, uns mais outros menos.
Abs
Henrique, um P/L muito alto talvez seria o único sinal "técnico" que me faria sair do buy-and-hold, principalmente pelo que houve no Japão, mas confesso que tenho que analisar o comportamento histórico de outros mercados além do brasileiro, japonês e americano. Enfim, é algo que preciso pesquisar bem mais... espero que o livro de Shiller me ilumine um pouco nisso!
ResponderExcluirInv. e Fin., na verdade os portfolios que se encontram na fronteira eficiente são aqueles que possuem o menor risco dado um retorno X. Portanto, a classe de investimento que possui maior expectativa de retorno, por definição, sempre estará na fronteira eficiente, independente do desvio-padrão dele. Você já viu os gráficos de fontreiras eficientes para prazos de 15, 20 anos? É uma linha reta levemente entortada para a esquerda, sempre apontando para um portfolio de 100% ações. Ressalvando, claro, que fronteira eficiente não é nenhuma bola de cristal e tudo pode acontecer no futuro, mas é uma das melhores ferramentas que temos para guiar nossos investimentos...
Na minha opinião tem dois indicadores fundamentais para determinar se a bolsa esta em bolha ou não.Vou deixar aqui como sugestão e falar o que penso de cada um.
ResponderExcluirP/L médio
O problema do P/L médio é que ele pode sofrer pode ser distorcidos por diversas questões cíclicas e parecer que o barato ta caro e o caro ta barato.Outra coisa que prejudica esse indicador é que como vai mudar a regra contábil(nos EUA já é assim) os ativos são marcados à mercado.Em períodos de BULL market o lucro é grande e nos de Bear é uma tragédia.
Capitalização Bursátil/PIB
Esse é muito desconhecido ele mede quantos % do PIB todas as ações da bolsa valem.Pode parecer maluco,mas geralmente esse indicador tem uma variação padrão e da bons sinais.Tem também um forte viés fundamentalista e tem lógica dentro da teoria econômica.
A lógica é muito simples se a Bolsa subiu mais que o PIB você está pagando mais pela "mesma" parcela do PIB.Muito bom para identificar bolhas que o P/L não consegue e fundos que o P/L manda vender.É anti cíclico.
Fica meio difícil explicar em uma resposta só.Mas vale à pena conferir.E tem métodos de refinar isso para o indicador ficar melhor,mais preciso.
O objetivo é entender quanto você ta pagando por uma parcela do PIB e comparar historicamente.