segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Alguém me explica isso?


Quem em sã consciência devolve 1 quota/ação? Controle milimétrico de risco? Tiração de sarro? Insanidade?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esse blog é "propaganda-free".

Não sei se vocês repararam, mas desde a semana passada eu retirei toda e qualquer propraganda do blog. Não por falta de retorno (o Adsense estava rendendo uns trocados), mas por dois motivos:

1- Meu objetivo nunca foi ganhar dinheiro com o blog, mas sim interagir com demais investidores sobre assuntos financeiros e de certa forma poder divulgar minha "intimidade financeira" sem comprometer minha privacidade ou gerar inveja de amigos/parentes.

2- As propagandas que estavam no blog pelo Adsense eram para sites os quais eu discordava absolutamente. Acho que essa área financeira (ainda mais finanças pessoais) já possui lixo o suficiente para eu ficar ajudando ainda mais a propagá-lo (pior, ainda ganhar com isso).

Portanto, permanece aqui o comprometimento que tive desde o dia 15 de abril de 2009, quando criei o blog: Informação de qualidade para leitores de qualidade.

Em busca de estreitar o laço com demais leitores/investidores, fica aqui o meu msn para quem quiser tirar dúvidas ou apenas conversar: aposentado42 arroba gmail.com

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL - Parte II

Obs: para os desavisados, dêem uma olhada antes na parte I do artigo.

Por que a mídia tem sempre que tratar o indivíduo como um ser menos inteligente do que ele realmente é? Por que ela teima em não responder as perguntas realmente importantes? Por que os textos são na sua maioria das vezes genéricos e praticamente não ajudam a pessoa a tomar uma decisão informada?

Esse tipo de praga está especialmente alastrada no meio financeiro. Afinal, se existem abominações como astrologia financeira é porque tem algo muito errado acontecendo. Hoje vamos ver na prática como os textos sobre PGBL e VGBL não ajudam e muitas vezes atrapalham o investidor comum a tomar decisões financeiras.

Os artigos geralmente são extremamente parecidos e seguem o seguinte padrão:

1- Como investir mais cedo em previdência privada possui consequências exponenciais ou na contribuição necessária ou no montante final.
2- Diferenças básicas entre PGBL e VGBL, geralmente ressaltando as virtudes dos 12% do PGBL.
3- Regime tributário de ambos os planos
4- Explicação rápida sobre as taxas de carregamento e administração.

Não vou utilizar como exemplos sites dos bancos ou de seguradoras pois eles tem todo o interesse em enganar o investidor em benefício próprio.

Exemplo 1: Invertia - Terra
Exemplo 2: Guia UOL Economia
Exemplo 3: Dinheirama
Exemplo 4: Globo Economia
Exemplo 5: IG - Poupa clique

Sempre as mesmas informações, sempre os mesmos resultados, sempre a mesma enganação.

Mas você deve estar pensando... "mas peraí Independência, e os 12% de abatimento do PGBL? É uma vantagem absurda a favor desses planos! Até o Gustavo Cerbasi é a favor de previdência privada nesses casos!! Deixe de birra!"

No livro Investimentos Inteligentes, Gustavo Cerbasi devota todo um capítulo para a previdência privada. No livro ele diz:

"Também com uma boa escolha você poderá colher, no longo prazo, resultados inalcançáveis por meio de fundos com estratégias de investimento semelhantes". (Grifo meu)

"Os recursos do investidor serão investidos em um fundo de previdência, semelhantes aos fundos que acessamos através dos bancos, mas que é específico para a finalidade de previdência. Essa característica traz grande segurança, pois todos que investem nesse fundo têm objetivos de longo prazo - o que permite a seu gestor fazer escolhas mais adequadas para um perfil dessa natureza. " (Grifos meus)

Vejam o canto da sereia, "grande segurança" (até onde eu saiba adicionar um intermediário entre você e seu investimento não aumenta a segurança dele, ao contrário adiciona o chamado risco de gestão), "seu gestor fazer escolhas mais adequadas" (como se o gestor tivesse uma capacidade maior do que você em saber o que é melhor para si).


"Além das vantagens matemáticas que os planos de previdência podem trazer, existem também vantagens estratégicas para a proteção da família"

Não dá para discutir com a matemática, não é mesmo?

"Não resta dúvida de que planos de previdência privada são a maneira mais simples e segura de enriquecer. Provavelmente, não é a maneira mais rápida, mas a segurança é inquestionável"
Mais uma vez, não há segurança adicional alguma. Pelo contrário, é um risco a mais que se corre pois a seguradora pode quebrar. Engraçado que antes a previdência privada possuía vantagens matemáticas e um parágrafo depois ela provavelmente já não é a mais rápida.

"Obviamente, se você se considera um investidor ativo, conhecedor do mercado e das melhores oportunidades, não precisa pagar taxas de serviços para construir sua riqueza, e sua rentabilidade diferenciada pode até superar o benefício fiscal obetido pela previdência"

Segundo o autor, se eu não for um investidor ativo, eu não tenho chance de superar a previdência privada, já que não obterei a tal "rentabilidade diferenciada". Notem que está implícito que apenas as vantagem da taxa não é suficiente para superar a previdência.

Resumindo, o autor considera que a previdência privada possui vantagens matemáticas comparados aos demais, mas que ao mesmo tempo não é o método mais rápido de se acumular riquezas. Meio confuso, mas vejamos que conclusões ele chega posteriormente no livro:

Retirado da página 231 do livro Investimentos Inteligentes


Veja que ele sequer comparou com Tesouro Direto ou aplicação direta na bolsa. Além disso, cadê a taxa de administração? Segue a explicação do autor sobre os cálculos:

Clique para ampliar!!!

Ok, rentabilidades idênticas são impossíveis de acontecer. Qual é a utilizade então de algo que sabemos que NÃO acontecerá em hipótese nenhuma? Por que não pegar a rentabilidade histórica média do Ibov menos a taxa de administração e comparar com um portfolio 51% renda fixa 49% bolsa e outro 100% renda fixa? Não estamos tratando de detalhes aqui, mas de uma diferença fundamental que modifica completamente o resultado final! E cadê a taxa de administração?!???!??!?

Além disso, como assim "provavelmente será mais rentável"? Como ele chegou nessa conclusão? Pior, como se chega numa decisão "provável" em um estudo hipotético desse tipo?

Por fim, a idéia de que 10% a 20% seja uma rentabilidade aceitável para a bolsa no longo prazo não possui qualquer base com a realidade. Prova disso pode ser visto no livro do ano de 2009 do Instituto de Pesquisa do Credit Suisse, cujo gráfico mostro abaixo:


Bem longe dos 10% a 20%.

Para concluir essa parte II, vou colocar um "achado" pessoal meu, que é um e-mail que troquei com o próprio Gustavo Cerbasi em janeiro de 2006, o que me causou ainda mais estranhamento das posições que ele defende no livro. Meu e-mail:

Gustavo,

Na entrevista que você concedeu à revista Você S/A desse último mês, você informou que, se comparados ao longo prazo a Previdência Privada não é o investimento mais adequado. Eu tenho essa dúvida há muito tempo e até hoje não vi cálculos concretos demonstrando a taxa líquida de retorno no investimento feito em um fundo de previdência privada. Eu tenho a impressão que o fundo de previdência privada geralmente vence, desde que se deduza os 12% anuais, que esse dinheiro esteja na faixa de 27,5% do IR e que se reinvista o dinheiro que deveria ir para o Governo, ainda que em um outro fundo (renda fixa, etc). Você levou em conta esse reinvestimento no cálculo realizado para informar que os fundos de previdência privada ao longo prazo não valem a pena?

Não tenho dúvida, porém, que deve-se dar um cuidado especial às taxas de administração e carregamento que os bancos nos extorquem, digo, cobram, pois com 3% de taxa de administração ao ano + carregamento é quase impossível obter uma rentabilidade adequada.

Parabéns pelo seu sucesso. Você sem dúvida batalhou para merecê-lo.

Engrçado que mesmo há tanto tempo atrás eu já tinha um olho bem aberto pra essas taxas cobradas pelos planos de previdência privada. Vejamos a resposta:

Olá XXXXXXXX,
Obrigado por seu e-mail. Você detectou o motivo de minha conclusão. Apesar das vantagens tributárias da previdência, os elevados custos praticamente fazem com que seu desempenho empate com o de bons fundos de renda fixa. Se você levar em consideração a possibilidade de perda de oportunidades que o "engessamento" do plano lhe confere, não fica difícil optar pela auto-disciplina e escolher bons fundos.
Um abraço
Gustavo Cerbasi
Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro
Rua Doutor Neto de Araújo, 320 - cj. 1209
Vila Mariana - São Paulo - SP - 04111-001
Tel. +55 11 5573-6611
www.cerbasieassociados.com.br

Minha cara após reler o e-mail hoje (não, não sou eu).

Preciso explicar mais algo?

Na verdade, se você é um leitor atencioso, sim, preciso mostrar os cálculos do PGBL ante a vantegem fiscal de 12% e comparar com investimentos diretos em bolsa/renda fixa/tesouro direto, além de outros cálculos interessantes, o que vai ser feito na parte final. Até lá!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL - Parte I

Desde o início da civilização, o homem procura obter vantagens às custas do seu semelhante. Reis vivendo às custas de seus súditos, brancos explorando negros, governos taxando cidadãos. Com o desenvolvimento das sociedades, métodos compulsórios desses tipos de vantagens são hoje ilegais (com exceção dos tributos impostos pelo governo), fazendo-se necessário a utilização de técnicas mais sutis, como jogos de azar (Mega-Sena), esquemas ponzi (Herbalife) e, claro, nossa querida previdência privada. Hoje vou ensinar a vocês como perder dinheiro com planos PGBL e VGBL.

Aviso: Não vou perder tempo nesse artigo explicando a origem, tributação e regime dos planos, isso você encontra em qualquer site meia boca. A idéia do blog sempre foi de trazer informações mais selecionadas a um público também mais selecionado.

Já está claro aqui que nosso objetivo é perder dinheiro. O primeiro passo é a escolha do plano, se PGBL ou VGBL. A diferença entre ambos é que o PGBL possui abatimento de até 12% do IR se você faz declaração completa e tributação sobre TODO o valor no momento do resgate, já o VGBL depende do regime escolhido, mas a tributação é apenas sobre os rendimentos. Portanto, para perder o máximo de dinheiro você tem que optar pelo PGBL caso faça declaração simplificada ou seja isento de pagamento de IR (garantindo assim a bi-tributação), e optar pelo VGBL caso faça a declaração completa (eliminando qualquer eventual vantagem financeira do plano). Se você investir em PGBL, faça questão de resgatar totalmente o valor a cada dois anos e assim pagar 35% de IR sobre TODO o valor.

Acima: destino do Imposto de Renda que você pagou

Feito isso, garantimos que pagaremos o máximo de imposto possível. O próximo passo é escolher um fundo que possua o máximo de taxas possíveis, especificamente as taxas de carregamento e principalmente as taxas de administração.

Se você contratar um fundo de previdência privada de um grande banco é praticamente certo que você perderá muito dinheiro. Exemplos do Bradesco (3% de taxa de adm. e 5% de carregamento), Banco do Brasil (3,4% de taxa de adm., 4% de carregamento antecipado e até 1,5% de carregamento postecipado... no BB a faca entra por todos os lados rsrs), Itaú (3% de taxa de administração), etc. etc...

Prestem bastante atenção que a taxa de administração é muito mais eficaz em tirar seu dinheiro do que a taxa de carregamento, já que a primeira é sobre todo o patrimônio (e abatida diariamente... aff), enquanto a segunda age "apenas" sobre as contribuições.

De quanto dinheiro estamos falando em perder utilizando os maravilhosos fundos de previdência privada? 10 mil? 50 mil? 100 mil?!?!?

Vamos usar o meu caso... R$2.300,00 por mês com rentabilidade de 1,2% ao mês durante 17 anos, no primeiro caso sem qualquer taxa e no segundo com 3% de administração e 5% de carregamento. Para simplificar a taxa de administração é abatida mensalmente ao invés de diariamente (melhorando levemente de forma artificial o resultado da previdência privada).



Sem previdência privada: R$2.016.844,52
Com previdência privada: R$1.347.709,51

R$670.000,00 em 17 anos! Isso dá, linearmente, ~R$3.300,00 por mês!

Agora vamos aumentar em apenas 3 anos o prazo, para 20 anos:


Sem previdência privada: R$3.202.677,90
Com previdência privada: R$1.949.896,78

R$1,25 milhão em 20 anos. Notem que 20 anos não é um prazo extremamente longo. É razoavelmente comum vermos portfolios com prazos de 30, 40 anos ou mais. Nesse caso a diferença fica ainda mais absurda. Tal situação é no mínimo irônica já que esses planos são teoricamente indicados para aplicações de longuíssimo prazo...

Se analisarmos todos os planos, veremos que existem alguns com taxas não tão extorsivas. Digamos que você tenha um valor razoável para investir e, buscando a melhor taxa, procure seguradoras não tão sólidas assim. Vamos presumir, portanto, que você achou um excelente plano que cobra 1,5% de taxa de administração e 0% de taxa de carregamento. Como um plano desses sairia no meu caso? Vejamos:


Sem previdência privada: R$2.016.844,52
Com previdência privada: R$1.687.806,15

Diferença de R$329.000. Veja que eu não considerei ainda o Imposto de Renda, que será de no mínimo 10% caso utilizado o regime regressivo. Nesse caso, ainda que fosse um VGBL, a diferença aumentaria no mínimo mais R$100.000,00.

Outro fator importantíssimo considerado é a presunção de rentabilidades idênticas. Ora, sabemos que no prazo longuíssimo a chance da bolsa de valores render mais do que a renda fixa é bastante alta. Ainda assim, o governo (sempre ele) restringiu os planos a possuírem no máximo 49% do portfolio em bolsa, praticamente garantindo uma rentabilidade inferior no momento que o indivíduo for retirar seu suado dinheiro.

Acima: "Investidor" de PGBL/VGBL, feliz após doar dinheiro para bancos/governo

Na próxima parte veremos porque a vantagem tributária do PGBL não é suficiente para tornar esses planos atrativos, exemplos de como a mídia convencional trata esse assunto com a mesma profundidade de uma piscina infantil sem água, além de rebater os argumentos de Gustavo Cerbasi utilizados no livro Investimentos Inteligentes a favor dos planos de previdência. Por fim, mostrarei os dois únicos casos em que vale a pena investir nesses planos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Atualização Mensal: Novembro 2009 (R$126.009,12, +13.741,98)

Não tive muito do que reclamar esse mês... o segundo maior crescimento em termos absolutos (perdendo apenas para o mês passado), quebrando a barreira dos R$125k e me tornando 12,24% mais rico em um mês. Se compararmos com o mesmo período do ano passado, a diferença chega aos R$100k! 2009 tem tudo para terminar como um ano maravilhoso em termos financeiros (e em outros aspectos também...).

Projeção patrimonial (clique para ampliar e você conseguir enxergar alguma coisa):


Ainda correndo atrás do prejuízo (R$18.500,00 atrás, pra ser mais exato), e ainda com preguiça de refazer todo o plano em virtude dos fatos novos ocorridos no mês anterior. Maldita barra vermelha que teima em subir todo mês...

Portfolio:


Continuo seguindo a política de investir o dinheiro do mês mais os juros do Emp. garantido em PIBBs. Esse mês foram 72 PIBBs comprados a 93,99 cada. Esse mês mais uma barreira imaginária foi rompida com mais de 1000 quotas de PIBB em mãos (em mãos diga-se na CBLC kk) \o/

Valores:


O ROI anual está uma obscenidade. 23,55% a.a. é um valor claramente insustentável a longo prazo, o que implica forçosamente em tempos não tão bons no futuro a médio-prazo.

Notas relevantes:

  • Esse mês o aluguel de ações rendeu mais uns trocados e cumpriu fielmente seu papel de pagar a corretagem com certa folga.
  • O HB da Link ficou indisponível por alguns minutos hoje. 1a vez que isso acontece comigo.
  • Definitivamente meu orçamento a curto-prazo será péssimo. Acabou-se qualquer receita além do salário, deverei ter uma despesa extraordinária absurda no carnaval (nada a ver com festa em si, infelizmente...) e, pra dar o golpe de misericórdia, estou namorando (pois é...). Ah, esqueci do natal e reveillon esse mês...
  • Reconheço que estou em débito com o blog e com os leitores com apenas um post além da atualização patrimonial em novembro. Senti um pouco de "burn-out". Pretendo escrever mais aqui esse mês!

sábado, 7 de novembro de 2009

Como alugar ações (e ganhar quase nada com isso)

Se você é investidor de longo prazo como eu, deve saber que existe um meio trabalhoso e pouco eficiente de aumentar sua rentabilidade. Não, não estou falando de usar sua bola de cristal particular para "comprar na baixa e vender na alta", mas sim de aluguel de ações e quotas.

Qual o objetivo de se alugar ações? O mesmo de você investir na bolsa e dos pastores pregarem sermões dominicais: ganhar dinheiro. Infelizmente a rentabilidade nem de longe se aproxima ao dízimo, ficando normalmente em 0,5% a 3%... AO ANO. Ah, e abata 22,5% de Imposto de Renda daí.

A única desvantagem de se alugar ações é que, caso elas sejam alugadas, você obviamente não pode fazer nada com elas durante o aluguel, inclusive vendê-las quando um circuit break está por vir ou você quebrou sua perna jogando futebol e não tem seguro nem colchão de segurança...

A vantagem, óbvio, é o dinheiro que o tomador paga pra você para ter suas ações pelo período. Mas disso você já sabe. A vantagem para o tomador, no entanto, é basicamente poder ganhar na baixa. O cara aluga uma ação que vale R$100,00, vende a mesma, a ação no outro dia cai para R$95,00 e ele recompra a mesma e te devolve. Você tem sua ação valendo R$95,00 e o troco do aluguel e o tomador tem seus R$5,00 de lucro menos as taxas do aluguel.

Ok, digamos que você queira alugar suas ações ou quotas (PIBB é quota, não ação), e aí como se faz?

Até onde eu saiba todas as corretoras utilizam um sistema manual para aluguel de ações, sem utilização do Home Broker mas sim do velho e-mail e telefone.

Algo minimamente prudente de se fazer é verificar as ofertas de aluguéis antes de colocar a sua. O nome pomposo para isso é "ofertas disponíveis do banco de títulos CBLC-BTC", que você pode encontrar gratuitamente aqui. Lá você procura sua ação e vê as ofertas. Nesse link é possível achar as ofertas do PIBB11 (tabela BTC-4).

Normalmente a taxa anual do PIBB tem uma variação enorme, geralmente de 1% até o zé que exige 6% ao ano. Vejam também que em geral o prazo do aluguel é pequeno (vencimentos, no máximo, de 3 meses). Se você é investidor de longo prazo como eu procure colocar uma data mais longa, de preferência um ano.

Os NÃOs e os poucos SIMs que estão ao lado direito da tabela é a informação se o doador pode liquidar antecipadamente o aluguel. Faça isso em duas hipóteses: 1- Se você acha que talvez precisará das ações durante o aluguel e 2- Se você não quiser alugar suas ações. Portanto, NÃO exija liquidação antecipada pois ninguém vai querer alugá-las.

Decidida a taxa, a quantidade de ações e o prazo você liga ou manda um e-mail para sua corretora. Eu sempre utilizei e-mail e uso o modelo abaixo que você, descarado que é, vai copiar:

"Olá

Gostaria de disponibilizar para aluguel as seguintes ações:

Nome: Viver de Renda
Conta: XXXXX-X
CPF: XXXXXXXXX-XX

Posição: Doador
Ativo: PIBB11
Quantidade: 500
Taxa: 0,9% a.a.
Vencimento: 30/11/2010
Liquidação antecipada pelo doador: Não

Atenciosamente,

Viver de Renda"

O mercado de aluguel de quotas e ações varia, obviamente, da ação ou quota que você quer alugar. Ações como Vale e Petro possuem um volume enorme e, portanto, taxas baixas (0,2% a 0,5% a.a.). Já ações small-cap (PINE4, p.ex.) possuem volume muito menor e taxas maiores (3%-6% a.a.). Não é incomum ver micos com taxas de 20% a.a. ou mais.

Enviado o e-mail, geralmente algumas horas depois sua oferta já está no banco de títulos CBLC-BTC. Aí é esperar até alugarem.

A grande chateação do aluguel é que, 90% das vezes, o tomador vai devolver a ação no próximo dia, pois o objetivo dele é fazer um trade curto. 9% das vezes, ele fica entre uma semana e 15 dias. E 1% das vezes ele vai ficar meses a fio (e te dar 99% do lucro de todos os aluguéis). Pelo menos essa tem sido minha experiência com o PIBB11 e, pelo que converso com amigos, a deles também.

Como sei que vocês são tarados por gráficos e tabelas, aqui vai um exemplo prático de quotas que emprestei essa semana e foram liquidadas em sequência :


Vejam que fiz dois empréstimos no mesmo dia: 150 e 333 quotas de PIBB. Ao mesmo tempo, dois empréstimos já foram liquidados. O de 150 (o tomador só pagou, portanto, por 1 dia) e um de 300 quotas registrado no dia anterior. Saldo final = R$1,13 líquidos. Tanto trabalho por um mísero real.

Agora vamos ver o outro lado da moeda...


Taí os 1% que fazem tudo valer a pena. 100 quotas de PIBB alugadas a 2,5% a.a. desde 27 de fevereiro de 2009 e até hoje não devolvidas. Se o tomador segurar até o vencimento do aluguel (janeiro de 2010) só esse aluguel deve me render um pouco mais de R$100,00.

Dois últimos detalhes: para estimular o aluguel de ações, a bovespa paga ao doador uma taxa extra de 0,05% a.a. É o troco do troco kkk...

O outro detalhe é que a corretora não faz todo esse trabalho de graça. Ela geralmente possui um adicional na taxa que fica com ela e varia de corretora pra corretora. Até quando eu operava com a ativa ela cobrava 0,2% a.a. (Então se você diz que quer 1% a.a. ela vai fazer a oferta a 1,2% a.a.), já a Link varia bastante (pra ser sincero eles são meio atrapalhados nesse quesito...)

Alugar ações/quotas é complicado, dá trabalho e rende pouco. Mas nesse mundo dos investimentos cada 0,1% a mais de retorno pode trazer um retorno a longo prazo considerável... afinal, quem disse que investimentos passivos não podem bater o índice?!? ;)

Update: Retirado link quebrado e rearrumado texto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Atualização Mensal: Outubro 2009 (112.267,14, +21.724,97)

O copo na metade está meio cheio ou meio vazio? É assim que vejo a atualização mensal de outubro. Se por um lado tive o maior crescimento absoluto em toda a história do universo (21 mil não é de se reclamar!), por outro lado aqueles 1% se fizeram valer e só obtive uma pequena parte da antecipação de herança prevista (mais especificamente, R$18.750,00 dos R$81.000,00 previstos). O resto do dinheiro ainda vem, mas não tenho a mínima idéia quando. Isso provavelmente vai me forçar a rever o meu plano com o intuito de torná-lo mais realista frente aos fatos novos. É algo pra eu pensar durante o mês...

Ainda assim, a barreira dos R$100k foi quebrada com folga. E sempre dizem que os primeiros 100k são os mais difíceis...

A bolsa andou de lado no mês e praticamente não influiu no resultado. Os aportes efetuados garantiram a alta de 23,99% do patrimônio no mês.

O vergonhoso gráfico da projeção patrimonial:


Após vários meses excelentes, de volta à soberania da barra vermelha. Com quase R$38.000,00 de déficit frente ao planejado, as chances de ver a barra azul na frente são remotíssimas, salvo a reformulação do plano mencionada.

AA:
A pequena parte da herança recebida foi toda pra um empréstimo garantido, rendendo 1,5% mensais. Os juros do empréstimo mais o salário possibilitaram a compra de 35 PIBBs a $87,06 cada.

Valores:

ROI anual decrescente em virtude da bolsa não ter ajudado esse mês. Quem dera eu ter um ROI desses daqui a 15 anos...

Notas relevantes:
  • Ganhei uns 10 reais de aluguel do PIBB esse mês, de forma que a corretagem tá saindo de graça...
  • As férias foram MUITO boas. As melhores de minha vida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De volta!

To de volta das férias, povo! Saudades do blog!

A atualização mensal tá no forno! Amanhã sai!

Boa semana a todos!

Update: Hummmm... depois de amanhã uhehue!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Atualização Mensal: Setembro 2009 (R$90.542,17, +8.773,76)

Hã? To maluco? Apressado? Atualização mensal, já?!?

Pois é, cambada. Novidades. Vou tirar férias e, consequentemente, esse blog também. Volto daqui a um tempo, daí eu adiantar a atualização.

Mais um mês muito bom. O ciclo de aportes bem acima da média chega ao fim esse mês. A alta expressiva da bolsa também contribuiu bastante para que eu tenha hoje 10,73% a mais do que tinha no mês anterior.

Projeção patrimonial:


E foi vencida a barreira dos R$90.000,00. Segundo a projeção, no final do mês que vem eu já terei que ter recebido a antecipação de herança (e tenha um patrimônio de, no mínimo, R$140.000,00). Só resta torcer pra que tudo dê certo...

AA:

AA praticamente idêntica ao mês anterior. Peso levemente maior para o PIBB em virtude da compra feita ontem (53 PIBBs a R$84,39 cada - total de R$4.472,67). É muitíssimo improvável que eu faça aportes dessa magnitude daqui pra frente. No entanto, sinto-me feliz e até aliviado de não ter "torrado" o dinheiro dos meses de vacas gordas anteriores. Agora é seguir com o feijão com arroz e garantir, no mínimo, R$2.300,00 por mês, tudo de acordo com o plano estabelecido.

Valores:
Que beleza esse ROI anual. Se ele indica algo, é que não há mais muito espaço para subir. Pela primeira vez desde que comecei a investir meu ROI ficou acima do planejado. Eu que acreditasse na minha bola de cristal do mês anterior hahaha... acho que como especulador eu sou um ótimo investidor! :)


Notas relevantes:

  • Quero ver a engrenagem dos juros compostos começar a funcionar pra valer...
  • O ciclo de "vacas magras" deve começar após a antecipação da herança. Cada um por si e Deus contra todos!
  • Mais um mês que passei stress na compra dos PIBBs. Primeiro chega um infeliz e vende 10 PIBBs, travando a ordem. 30min depois um chega e vende mais 9, pra só depois eu conseguir comprar tudo. Definitivamente não vou sentir saudades do mercado fracionário...
  • Paguei no total R$6,16 pela compra de R$4.472,67 de PIBBs. Isso dá 0,14% do principal. E pensar que o fundo de ações Indexado do Bradesco, com seus 4% de taxa de administração POR ANO, mais IR de 15% do lucro na retirada, possui mais de R$100.000.000,00 sob sua gestão...
  • Está praticamente impossível pra eu alugar ações, já que a Link resolveu cobrar +-0,5% a.a. de comissão e a taxa atual do PIBB está em 0,6% a.a. ... é algo para eu conversar com eles quando voltar das férias...
  • Gente, me dêem uma luz, eu quero um fundo small-cap decente. Recuso-me a lidar com a (falta de) liquidez do SMALL11 ou pagar 2% de tx. de adm. pra um fundo ATIVO que sabe lá o que vai fazer com meu dinheiro.
  • Mês que vem vai ser TENSO.






terça-feira, 8 de setembro de 2009

BOVA ou PIBB? (BOVA11 ou PIBB11?)

Creio que todos que investem em índices possuem a dúvida: Em que fundo investir? Além dos fundos passivos de bancos (e suas ridículas taxas de administração) o mercado brasileiro atualmente possui dois ETFs que acompanham índices Large-cap: o PIBB, que segue o índice IBRX-50 (se você acompanha o blog e até hoje não sabe disso é porque tem algo errado contigo rsrs) e o BOVA, que acompanha o Ibovespa.

Vamos fazer um raio-x em ambos e vermos as vantagens/desvantagens de cada um:

O FUNDO PIBB:

O PIBB é um fundo passivo que tem o objetivo de replicar o Índice Brasil 50 (IBRX-50) – carteira teórica composta pelos 50 papéis mais negociados na bolsa, ponderados pelo valor das empresas. O fundo é composto por papéis que pertenciam ao BNDES.

O objetivo de seguir o IBRX-50 tem sido cumprido desde o lançamento em julho de 2004. A diferença de rentabilidade entre o fundo PIBB e o índice IBRX-50, na maioria dos dias, é quase nula (vejam que rentabilidade não é o mesmo que preço). O histórico da aderência do fundo ao índice pode ser observada no site www.pibb.com.br, no link dados estatísticos.

Para incentivar a aplicação no PIBB na primeira emissão, em julho de 2004, o BNDES prometeu adquirir as cotas do investidor pelo valor nominal delas de lançamento caso o fundo desvalorizasse em um prazo de 12 meses. O limite de recompra foi R$ 25 mil. Além disso, o banco ofereceu um desconto de 1% no preço das cotas durante a emissão.

Segundo dados do Banco Itaú, responsável pelos serviços de administração, custódia e gestão do PIBB, 11.278 pessoas físicas adquiriram as cotas do PIBB na época de lançamento. O número correspondeu a 51% de participação da pessoa física na operação, avaliada em R$ 600 milhões. Metade desse volume, R$ 300 milhões, veio da pessoa física.

Na segunda oferta do PIBB, iniciada em setembro de 2005, as cotas do fundo destinadas ao público corresponderam a R$ 1 bilhão. O valor mínimo para o investidor comprar as cotas do fundo foi de R$ 1 mil.

Atualmente, o fundo PIBB tem em média R$2 milhões negociados por dia na bolsa, garantido uma liquidez boa, porém longe do ideal.

Em termos de rentabilidade, o IBRX-50 se assemelha muito ao Ibov, conforme gráfico dos últimos 5 anos abaixo:



Apesar da rentabilidade histórica do IBX50 ter sido levemente superior ao do Ibov (graças ao crescimento expressivo da Vale e Petro), nos últimos 2 anos o Ibov teve rentabilidade superior. São índices muito parecidos, cuja correlação histórica fica acima de 0,900.

O fundo PIBB atualmente é o fundo de investimentos em ações mais barato do mundo, com taxa de administração de 0,059% ao ano (5,9 pontos-base).

Mesmo tendo sido criado há vários anos atrás, além da taxa de administração, as cotas do fundo PIBB ainda hoje não só acompanham o índice IBRX-50, como o supera em rentabilidade acumulada (cerca de 0,5%).

O FUNDO BOVA:

O fundo BOVA foi criado pela Ishares ("apenas" a maior gerenciadora de ETFs no mundo) com o objetivo de acompanhar o índice Ibovespa. Muito mais recente, passou a ser negociado na Bolsa em 28/11/2008. Possui, portanto, menos de 1 ano de vida.

Possui taxa de administração anual de 0,54%. Desde a sua criação, possui diferença de rentabilidade acumulada de 1,09% frente ao índice. Devido a taxa de administração cobrada, é 100% certo dessa diferença aumentar com o tempo.

Apesar do fundo ser muito menor que o PIBB (5 milhões de quotas frente a 28 milhões do PIBB), a sua liquidez é muito maior, com cerca de R$3,5 milhões negociados por dia. A meu ver, essa liquidez se deve principalmente ao fato do formador de mercado do BOVA atuar atualmente com um spread muito menor que o formador de mercado o fundo PIBB.

Update 12/01/10 - Recentemente a BM&FBovespa inaugurou a possibilidade de compra e venda de opções do BOVA11, sendo atualmente o único ETF do Brasil com tais mecanismos. É um fator importante e que pode ser decisivo na escolha do investidor caso o mesmo pretenda utilizar as opções como método para "arrendar" o índice, fazer hedge, dentre as várias possibilidades que elas fornecem ao investidor. Como não utilizo nem pretendo utilizar opções por motivos que não cabem explicar nesse post, minha argumentação, para o meu caso, permanece inalterada.

O PORQUÊ DA MINHA ESCOLHA PELO PIBB:

Com os dados apresentados, a escolha, para mim, fica óbvia. Os índices que cada fundo acompanha são extremamente parecidos, com leve vantagem ao Ibov pois, apesar de historicamente ter uma rentabilidade menor, é mais diversificado e, portanto, não pende tanto para o lado Large-cap como o Ibrx-50.

No entanto, essa pequeníssima diversificação adicional não vale a pena pelos quase 0,5% de rentabilidade sacrificados todo ano no fundo BOVA, devido à taxa de administração quase 10 vezes maior (1000%!!!) que o fundo PIBB.

A liquidez maior do BOVA é artifical, pois conta com um formador de mercado que opera com spread bastante reduzido, facilitando sobremaneira a negociação das quotas. Esse formador, no entanto, pode sumir a qualquer momento ou ao menos aumentar o spread. Com formadores semelhantes, não tem como um fundo com 28 milhões de quotas possuir uma liquidez menor do que um com 5 milhões de quotas. Lembre-se que temos que analisar tudo a longuíssimo prazo.

Para mim o fundo BOVA não serve nem como diversificação, pois como disse a correlação dos dois índices é MUITO grande, não compensando a diminuição do desvio-padrão ganho em virtudes dos custos do fundo.

Vocês não verão quotas de BOVA11 no meu portfolio tão cedo...

ps: Quando teremos um fundo small-cap realmente decente? Aí sim dá pra falar em diversificação... (e nem me venham falar dessa coisa ridícula chamada SMALL11!!!)


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Atualização Mensal: Agosto 2009 (R$81.768,41, +R$9.388,96)

Mais um mês bom, ainda que ilusório. O preço final do dia do PIBB de R$81,26 está absurdamente sobrevalorizado se considerarmos que o IBRX-50 fechou em 7.928 pontos e o PIBB é negociado sempre com um desconto de +-0,5%. Malditos fundos PIBB obrigados a comprar sempre no fechamento...

Gráfico de sempre:



Resultado bastante acima da média em que contribuíram tanto a performance do IBRX-50 quanto os aportes significativos.

AA:



Como informei antes, houve a devolução parcial do empréstimo que foi prontamente investido na bolsa... comprei 100 PIBBs a R$79,33 e 44 PIBBs a R$80,70.

Valores:



Que venha os R$90.000,00! Excelente mês a todos, em especial ao meu amigo Henrique! =D


Notas relevantes:

  • A farra dos aportes muito superiores ao estipulado de R$2.300,00 possui no máximo mais um mês de vida.
  • Existe uma possibilidade remota, porém real, da utilização da antecipação da herança para o empréstimo garantido.
  • Utilizando minha bola de cristal que tem uma taxa de acerto de incríveis 50%, diria que a bolsa está sobrevalorizada...
  • Você sabia que o investidor não precisa "acreditar" na teoria dos mercados eficientes para investir em índices?
  • Eu ODEIO o maldito investidor que vende pra mim 1 ou 3 PIBBs e trava minha ordem inteira! Que tipo de idiota vende 1 PIBB, afinal? Não quer pagar taxa de manutenção da corretora?
  • Tinha esquecido de atualizar as debêntures mês passado.
  • Se eu comprar um chiclete com uma figurinha dentro, é venda casada? ;)
  • A hora da verdade está chegando...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Aplicação prática do método de mitigação do RSR.

Em virtude dos comentários de Rafael, Xico e demais, resolvi mostrar aqui na prática (utilizando o meu portfolio hipotético futuro como base) como minimizar o risco de seu suado dinheiro morrer antes de você :) .

A idéia explicada no post anterior é simples, corroborada por dados históricos não só americanos como de outros países: Como o risco a longo prazo da bolsa é menor do que da renda fixa e a curto prazo o risco da bolsa é maior do que o da renda fixa, nada melhor do que consumir $$$ da renda fixa na época que ela possui pouco risco e da bolsa após alguns anos, quando o risco será bem menor.

Vejam que essa idéia pode mudar radicalmente a noção de alocação de ativos, que é determinada não pela idéia padrão (e pouco discutida) da tolerância ao risco do investidor, mas sim pelo cálculo matemático do desvio-padrão (ou outro parâmetro que você entenda como risco) frente a uma unidade de tempo determinada. Logo, uma questão fundamental precisa ser respondida: em que momento o desvio-padrão da bolsa fica abaixo da renda fixa? 5 anos? 7? 15? Infelizmente não tenho essa resposta, nem teria utilidade obter essa resposta hoje, pois essa pergunta só precisará ser respondida no momento da aposentadoria (ou, no máximo, alguns poucos anos antes).

No meu caso, digamos que quando eu tiver 42 anos eu tenha um portfolio no valor de R$3.000.000,00 conforme planejado. Planejo consumir R$120.000,00 ao ano, corrigidos pela inflação. Com uma alocação de ativos bolsa/renda fixa em 80%/20%, ficaria com R$2.400.000,00 na bolsa e R$600.000,00 na renda fixa. A partir daí eu começaria a retirar R$10.000,00 por mês da renda fixa, INDEPENDENTE do comportamento da bolsa, ATÉ a exaustão dos R$600.000,00. A partir daí, meu portfolio seria 100% bolsa, mas lembrem-se: foram R$2.400.000,00 que ficaram parados por no mínimo 5 anos (600.000/120.000 = 5), provavelmente um pouco mais em virtude do retorno da RF. A partir daí começaria a retirar apenas da bolsa e nunca mais compraria um título de renda fixa. Lembrem-se que toda aposentadoria "antecipada" possui risco, e esse é um dos métodos menos arriscados de se aposentar.

Uma alternativa seria, próximo ao final dos 5 anos, comprar mais R$600.000,00 + inflação em títulos, dando uma folga de + 5 anos para a bolsa. Vejam que esses anos de renda fixa são determinados pela sua alocação de ativos (uma alocação 72/28 me daria 7 anos de tranquilidade, mas um maior risco de não ter retorno suficiente em virtude da menor alocação na bolsa).

Notem que essa não é minha posição final: ainda é um assunto em estudo de minha parte, já que não tenho a menor pressa em me definir quanto a isso!

sábado, 15 de agosto de 2009

Métodos de mitigação do RSR e sobrevivência do Portfolio

Nota: Esse texto tem como base o artigo "Is rebalancing a portfolio during retirement Necessary?" de John J. Spitzer.

Vimos no post sobre RSR que vários estudos foram feitos nos EUA com diferentes métodos de retirada de valores em um portfolio com o objetivo de aumentar a sua sobrevivência após um período definido. Vejam que o foco nesse tipo de portfolio não é o crescimento, mas a mera sobrevivência. É óbvio, no entanto, que quanto maior o crescimento maior tende a ser a sobrevivência deste, mas a gestão de risco passa a ter um papel principal.

No artigo que mencionei na nota acima, John J. Spitzer utilizou vários métodos para saber qual tinha a maior chance de sobreviver num período de 30 anos de retiradas mensais, modificando a alocação em bolsa de 30% a 80%, retirando entre 3% e 7% do portfolio ao ano, corrigido pela inflação. Os métodos foram: Rebalancear a cada ano, retirar o ativo que teve maior performance no ano, retirar o ativo que teve pior performance no ano, retirar da renda fixa sempre que possível e retirar da bolsa sempre que possível.

Independente do percentual retirado e da AA (alocação de ativos), retirar primeiramente da bolsa de valores foi SEMPRE o pior método, chegando a incríveis 100% de falha em algumas situações (retirando 7% a.a. com 40% do portfolio na bolsa, p.ex.).

O melhor método, surpreendentemente, foi efetuar as retiradas sempre que possível da renda fixa (bonds first). A utilização de tal método levará inexoravelmente o portfolio a uma alocação de 100% em bolsa, mas por incrível que pareça essa é a tática com menor risco (se entendermos risco como shortfall risk).

Com a alocação renda fixa/bolsa em 30%/70%, retiradas até 5% ao ano através do método bonds first tem uma taxa de falha de 16%. Se fizermos o rebalanceamento todo ano, a taxa sobe para 29%. Se tirarmos primeiro da bolsa, 49%. Se tirarmos do ativo que rendeu mais no ano, 22%.

A estratégia bonds first é a melhor em TODOS os períodos estudados, INDEPENDENTE da alocação dos ativos e do percentual retirado anualmente. Sempre que o indivíduo efetua o rebalanceamento, o shortfall risk sobe em média 4,8%. O rebalanceamento não diminuiu de forma estatística significante o shortfall risk mesmo em períodos mais curtos de 15, 20 e 25 anos.

Além disso, e corroborando diversos outros estudos, quanto maior a parcela do indivíduo na bolsa (até o limite de 80%), maior a chance de sobrevivência.

O motivo de tal performance faz sentido: a bolsa possui menos risco do que a renda fixa a longo-prazo, como bem mostrou o livro Stocks for the Long Run. Portanto, nada mais lógico do que um "buffer" de curto prazo em renda fixa com o objetivo de diminuir o desvio-padrão do investimento em bolsa com o decurso de alguns anos, mitigando de forma significativa o RSR. Tal fato é tão relevante que sistemas inteiros de retiradas são feitos com base nesse fato (procurem por Grangaard Strategy e textos de Ray Lucia).

Para mais informações, leiam o artigo de John J. Spitzer (em inglês) e o método de Grangaard (em inglês) que mencionei acima.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Me sentindo gente pela primeira vez na vida :)

Com o fim da farra do empréstimo garantido e o início da sua devolução, pela primeira vez na minha vida utilizei o mercado "normal" (não-fracionário) para comprar PIBBs. Terra estranha, ordens de 1.000, 3.000 quotas e eu lá, sardinha-mirim, com minha gloriosa ordem de 100 PIBBs.

O saldo final foi 100 PIBBs compradas a R$79,33 cada. Sem stress de ordens parcialmente executadas como acontece no mercado fracionário. Enriquecimento mesmo 0, pura realocação de ativos.

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PS: Alguém por acaso sabe por onde anda o projeto de lei pra regulamentar o IR na poupança? E a medida provisória que iria aliviar o IR dos fundos de renda fixa? Deram xabu?

Brasil-sil-sil...

sábado, 1 de agosto de 2009

Atualização Mensal: Julho 2009 (R$72.379,45, +R$7.907,40)

Essa alta da bolsa tá me preocupando. Quero essa merda barata pelo menos até outubro (mas o que é barato e o que é caro tratando-se de mercado de ações? É tão fácil responder isso quanto comprar na baixa e vender na alta!).

Meus gastos mensais foram altos e serão até outubro conforme mencionei antes. Vou gastar no mínimo R$2.000,00 por mês até lá. Foi uma decisão muito pensada e que hoje não tenho dúvida que está valendo (muito) a pena. Os trocados que ainda assim tenho conseguido juntar são pequenos milagres monetários kkk.

Gráfico que vocês já conhecem (cliquem pra verem maior):


Portfolio cada vez mais gordo (tendendo para a obesidade), com alguns meses de gordura prontinhas para alimentar o urso eternamente a espreita. Crescimento do portfolio de 12,26% no mês.

Alocação de ativos do portfolio:


A mamata do empréstimo garantido vai diminuir ou pelo menos parar de crescer nos próximos meses. Agora é socar o que der em PIBB.

Os juros do empréstimo (~R$250,00) foram utilizados para compra de PIBBs. Foram 23 esse mês a 77,60 cada.

Portfolio em valores:


O ROI tá ficando bonito, mas sinceramente quero essa bolsa baixa até outubro quando vai rolar um aporte significativo que já mencionei aqui!

Notas relevantes:

  • A Link finalmente tomou vergonha na cara e está passando a acompanhar o IBRX-50 pelo ticker IBXL. \o/
  • Ganhei pouco mais de 20 reais esse mês com aluguel de ações(quotas). Já paga a corretagem mensal com juros e correção e ainda sobra pra comprar umas cervas :D
  • Por falar em aluguel, desde fevereiro tenho alugadas 100 PIBBs minhas a 50 e poucos reais cada. Imagine o FUMO que o cara não tá levando hoje kkk.

Excelente Agosto pra todos! Vou curtir meu fds!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Risco da Sequência de Retorno

Taí mais um assunto praticamente inexistente aqui na terra brasilis, mas muitíssimo importante principalmente para quem adquiriu recentemente a independência financeira: o risco da sequência de retorno (sequence of return risk).

O RSR é uma decorrência da volatilidade dos ativos, principalmente o shortfall risk. No paraíso dos investimentos, a classe de ativo de maior retorno teria volatilidade igual a zero. Ou seja, o retorno seria constante, invariável e alto. Como sabemos, a realidade é bem diferente. Em um mês o ativo pode dar um retorno bem alto, em outro retorno negativo, etc.

O RSR é justamente o do indivíduo, recém-independente e portanto começando a fazer retiradas periódicas do portfolio, ver seu portfolio duplamente atingido por retornos negativos substanciais e pelos resgates efetuados.

O efeito pode ser devastador. Vamos imaginar um investidor que tenha $500.000,00, retire $25.000,00 (5%) ao ano corrigido por uma inflação de 3,5% ao ano em 4 hipóteses:

- Retornos altos nos primeiros anos e baixos nos últimos anos. (média de 8%)
- Retornos baixos nos primeiros anos e baixos nos últimos anos. (média de 8%)
- Retorno 0. (média de 0%)
- Retorno constante de 8%. (média de 8%)

(clique para ampliar)

A diferença é absurda, chegando a 170% do portfolio inicial entre retornos altos iniciais e retornos baixos iniciais.

Esse risco é um dos principais motivos pelo qual não se recomenda uma alocação de 100% RV em um portfolio com retiradas, mesmo que o portfolio tenha um horizonte infinito (previdência, p.ex.).

A utilização da estratégia de rebalanceamento pode em alguns casos ser prejudicial ao portfolio, pelo efeito feeding the bear, que é retirar ativos seguros e com retorno positivo para ativos recém-depreciados, mas que podem depreciar ainda mais, tornando as perdas nesse caso triplas! Veja como um portfolio em que incidem retiradas tem uma dinâmica completamente diferente dos portfolios "comuns". O foco não é em crescimento, mas na sobrevivência do portfolio e mecanismos que existem para controlar o risco (como o rebalanceamento) podem na verdade aumentar o risco de perda total do principal.

Diversos estudos foram feitos nos EUA com o objetivo de se verificar estratégias de retirada (withdrawal strategies) que protejam o portfolio contra o RSR. As conclusões que eles chegaram fica para o próximo post (pra variar kkkkk)...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Retorno da Bolsa/Renda Fixa de 17 países - 1900/2008

Pessoal, não tenho a mínima idéia como mas acabei encontrando na Internet um documento muito interessante: o livro do ano de retorno de investimentos de 2009 elaborado pelo Instituto de Pesquisa do Credit Suisse.

Os dados são interessantíssimos e mostram que, apesar do domínio da bolsa sobre renda fixa existir em todos os mercados, existem casos de dar muito medo: o o retorno acumulado de 109 anos da renda fixa na Bélgica é de -10%, e o da bolsa é apenas 700%, o que dá um retorno anual de 1,9% a.a. O país com o maior retorno em renda variável (Austrália) teve um retorno anual real de 7,3% a.a. Além dos dados, o texto discute por alto temas muito importantes como o equity premium (incluídos o value premium e o size premium), além da análise detalhada comparando o retorno bolsa/renda fixa país por país.

O texto está em inglês. Para baixarem cliquem aqui (1.8 MB).

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Comparação das rentabilidades do CDI e da Bovespa no longo prazo

Taí um assunto em que é fácil falar merda a respeito. Assim como não se deve investigar passado de mulher nem cozinha de restaurante (quem conhece não come!), olhar para o retorno a longo prazo desses ativos é uma tarefa temerária, por dois motivos: vivemos um mercado bull de renda fixa completamente surreal que muitíssimo provavelmente nunca mais retornará (se eu encontrar títulos pagando 20-40% a.a. de novo minha alocação vai pra 100% RF!), além da bovespa, após a abertura da mesma ao mercado externo, ter incorrido num mercado bull e estabilização econômica também difícil de se repetir. Eram os tempos em que todos se achavam os traders, diziam que 5% a.m. era um retorno fácil de se repetir... enfim, os filhos da alta, muitos desses prematuramente mortos em 2008 :D

Feitas essas ressalvas iniciais, vamos aos números :



O retorno está anualizado. Vejam como desde o início do plano real (jul/94) até o fim de 08 a bolsa ainda conseguiu um retorno espetacular de 17,5% a.a. o CDI, graças à crise de confiança de 98, chegou a impressionantes 23,1%, surrando o índice Ibovespa. Essa disparidade é alargada se vermos o período áureo do CDI, entre 94 e 98. No período de 99 a 08 vemos como as coisas tendem a se normalizar com o Ibovespa com um retorno um pouco superior ao CDI, mesmo sofrendo dois períodos bears em 10 anos.

Esses números são um exemplo claro de como a utilização cega de rentabilidade passada como critério único para escolhas de classes de investimento pode levar a resultados desastrosos. Com a taxa SELIC atualmente em 9,25%, é praticamente impossível um investidor ter um retorno de 17,6% novamente investindo exclusivamente em títulos de renda fixa, mesmo com aumento da inflação futura.

O mesmo pode ser dito do Ibovespa que, apesar de a longo prazo a rentabilidade provavelmente será superior ao CDI (afinal, o equity premium deve existir), quem espera uma rentabilidade de 18,7% anualizada provavelmente se decepcionará. A ponte de ouro para quem queria se aposentar de forma fácil e rápida já se passou. Estamos no tempo de maior estabilidade econômica, em que o retorno está invariavelmente ligado a muito estudo, muito risco e pouquíssimas certezas...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Crítica ao artigo "Onde 'Stocks for the Long Run' errou"

Após postar minha crítica sobre o livro "Stocks for the Long Run" ontem, o usuário Xico em um comentário mostrou um texto interessante e bem crítico à idéia central do livro: Que as ações são a melhor opção para o longo prazo. Vamos direto ao ponto e ver os argumentos do autor do artigo (Patrick McDevitt):

First, they believe that annualized returns provide a false sense of security, because only total returns matter. For instance, in their best 40-year stretch, stocks provided an annual return of 12.5 percent; in the worst period, the annual return was 5 percent. But compounding those returns presents an entirely different picture of that relatively narrow spread: earning 5 percent annually, $1 grows to $7.50 over 40 years; at 12.5 percent, it grows to $112, a total return gap that much better illustrates stock market volatility.
Esse argumento, a meu ver, é irrelevante. De fato, a volatilidade do retorno total após longos períodos é enorme. Digamos que você tenha investido R$10.000,00... em 40 anos você pode ter entre R$75.000,00 e R$1.120.000,00, caso utilizado os dados históricos do mercado americano. No entanto, isso pouco importa se um objetivo for cumprido: retorno acima da renda fixa. Se, por exemplo, a renda fixa tiver conseguido uma rentabilidade de 500% em 30 anos, pouco importa se a bolsa ficar entre 501% e 50.000%: você terá escolhido o investimento com retorno superior. E, como o próprio autor falou, o retorno total é o que importa!

The second criticism involves the use of probabilities. Since 1872, stocks have outperformed bonds in over 90 percent of all 20-year periods. But in constructing a portfolio, investors must consider not just the likelihood of outperformance, but also the amount of the shortfall they might face. If stock returns lag by just 0.05 percent annually, as happened in one period, the penalty is rather small. But falling short by 2 percent annually, as in the most recent period, produces a total return that is less than half that provided by bonds.

Esse é, de longe, o argumento mais interessante, que o autor não percebeu que pode ser utilizado contra ele. A premissa do autor é verdadeira: de nada adianta a probabilidade de sucesso ser alta se, em caso de fracasso, o mesmo for muito intenso. No entanto, na grande maioria dos períodos estudados a diferença de retorno entre renda fixa (bonds) e a bolsa é enorme! A favor da bolsa! Vamos ver alguns períodos e o retorno real da bolsa e da renda fixa no mercado americano:

1946-1965: 10% -1,2%
1966-1981: -0,4% -4,2%
1981-1999: 13,6% 8.4%

Vejam a diferença gigantesca! Não só a renda fixa geralmente perde na maioria das vezes (90% em 20 anos e 99,4% em 30 anos), ela perde de forma retumbante, com diferenças em termos "totais reais" de algumas magnitudes!

Vamos ao terceiro argumento:

Which leads to the critics’ third complaint: A long holding period actually increases the odds of encountering a severe bear market. And while you might have believed you were equipped to endure a 50 percent market decline, watching five years worth of earnings and contributions vanish can make you reevaluate just how brave you really are. Investors who find, too late, that they assumed more risk than they bargained for are often the ones who flee the market entirely, further endangering their long-term wealth.
Esse argumento nada tem a ver com a discussão. O fato da probabilidade ser maior de encontrarmos um mercado bear intenso (o que é óbvio) não muda em nada a realidade: mesmo com encontros numerosos com o urso, o touro sai na frente, 90% das vezes em 20 anos e 99% das vezes em 30 anos! Muitas vezes com diferenças astronômicas! O fato das pessoas muitas vezes não terem estômago para ver 50% do seu dinheiro se esvair não altera em nada o retorno de quem decidiu ficar.

Para nós, brasileiros, ainda existem dois agravantes: a questão tributária e a questão de custos. A renda fixa é tributada no mínimo a 15% do ganho de capital obtido. Com a bolsa, há a isenção para vendas de até 20k no mês. Além disso, não é difícil o indíviduo investidor em ações ter custos na ordem de 0,1-0,05% a.a, ao passo que o investidor em renda fixa não consegue ter custos menores do que 0,3% a.a, além do efeito come-cotas em fundos e em títulos com pagamento de prêmios semestrais.

E como tem se saído a bolsa brasileira quando comparada ao CDI no longo prazo? Isso é assunto pro próximo post...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crítica do livro "Investindo em ações no longo prazo"

Mais um livro lido com muito prazer. Em apenas 13 dias terminei de ler "Investindo em ações no longo prazo" (obs: não ganho 1 centavo pelo link) ou "Stocks For The Long Run" em inglês. Li o original, então mais uma vez sem comentários quanto à tradução.

O livro é simplesmente fantástico. Logo no primeiro capítulo ele mostra um fato: a bolsa de valores para investimentos no longo prazo possui menos risco e mais rentabilidade que qualquer outro investimento. Não apenas nos EUA, mas como em vários outros países a situação é a mesma. Não apenas nesse século: o autor utiliza dados a partir de 1802 para chegar às suas conclusões!

Um aspecto interessante é que nos primeiros capítulos o autor te faz pensar de forma diferente sobre risco, mostrando ser uma variável que modifica com o tempo em intensidades diferentes a depender do ativo. Essa idéia é fundamental. Não tenho a menor dúvida que esse foi o livro em que eu aprendi mais coisas verdadeiramente úteis sobre ações.

Alguns capítulos, para nós brasileiros, não são obrigatórios, como p.ex. quando ele fala da composição histórica do DJI ou dos efeitos tributários de compra/venda de ações nos EUA.

O livro traz excelentes esclarecimentos quanto às questões que abalam a teoria dos mercados eficientes, como a validade da análise técnica, o "January Effect", a aparente supervalorização de small-caps e value stocks sobre large-caps e growth stocks, etc. Essas foram dúvidas que sempre tive e que foram ao menos parcialmente respondidas por Jeremy Siegel. Por outro lado, ele reafirma fatos já conhecidos e que reforçam a dita teoria, como p.ex. o retorno médio dos fundos de investimentos ativos ser menor do que o do mercado.

Apesar do autor falar muito pouco sobre as NTN-Bs americanas (as TIPS), achei fenomenal ele recomendar ao final do livro TIPS ao invés de bonds para investidores de longo prazo que por qualquer motivo não querem investir em ações... eu tinha chegado nessa mesma conclusão mas via pouca gente recomendando o mesmo. Faltaram, no entanto, mais estudos focados nas TIPS.

A parte mais fraca do livro é como ele lida com o grande bear market que houve no índice Nikkei do Japão no período 1989-2009. São 20 anos com retorno anualizado negativo, agravado pela pequena inflação que houve no período. Como defesa ele alega que se alguém investisse no DJI e no Nikkei na época que o Nikkei foi implantado, ainda com esse mercado bear monstruoso , aquele que estivesse comprado no índice Nikkei teria o dobro daquele investido no DJI. Argumento fraquíssimo, já que estamos falando de "holding periods" de mais de 50 anos. Como o caso japonês é um fato contraditório à teoria de Siegel, este deveria ser muito mais estudado e explicado no livro, o que não aconteceu.

O livro não é para iniciantes, mas também definitivamente não possui nenhum material muito avançado. O livro é claro e vai direto ao ponto, sem "frufrus" e experiências anedotais como o livro anterior que critiquei.

Livro recomendadíssimo e com alto potencial de alterar toda a sua forma de operar ações!!! Nota 9,5 (não leva 10 por pecar na questão do Japão).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Como calculo meu ROI anual

Ok, pelo segundo mês seguido vejo o pessoal em geral querendo saber como calculo o ROI anual do meu portfolio. Então lá vai:

Cada investimento possui duas variáveis: valor e tempo. Multiplicando essas duas variáveis temos o valor ponderado pelo tempo de cada investimento. Por exemplo, meu primeiro investimento na bolsa foi um aplicação de R$7.904,00 no dia 5/5/2008 (ou seja, há 1,16 ano atrás). Portanto, o saldo ponderado desse investimento é de 9138,32. No meu caso, a soma ponderada de todos os investimentos em renda variável no meu portfolio é de 39.572,28 (não são 39 mil reais, prestem atenção!).

Com essa soma eu consigo ter o prazo médio dos meus investimentos. Para isso, é só dividir a soma dos saldos ponderados pelo total de aportes feitos. Com isso, quanto maior o valor e quanto mais antigo for o aporte no portfolio mais peso ele terá. Vejam também como uma aplicação alta feita há pouco tempo diminui muito o prazo médio (pois aumenta muito o total de aportes e deixa praticamente inalterado o saldo ponderado). Hoje, por exemplo, o prazo médio das minhas aplicações em renda variável é de 0,76 ano. Vejam também como é perfeitamente possível se investir há mais de 1 ano e ter um prazo médio menor do que 1 ano.

O último passo para se obter o ROI Anual é praticamente auto-explicativo: divide-se o ROI total pelo prazo médio. Nesse momento, por exemplo, com o PIBB a 74,80, meu ROI na RV é de 0,05% e o ROI anual é de 0,07%.

Para se obter o ROI da renda fixa utiliza-se exatamente o mesmo procedimento.

E como misturar os dois para se obter um ROI/ano geral? Obtem-se o ROI geral (somando os saldos atuais da RF e RV e divindo pelos aportes da RF e RV, para depois diminuir em 1). Após, divide-se o ROI pela soma da multiplicação do prazo médio da RF/RV com seu respectivo peso no portfolio.

Não entendeu porra nenhuma dessa última parte, não é? Vou exemplificar:

Vamos calcular meu ROI geral. Vamos somar os saldos atuais da RF e RV: R$63.985,55. Vamos dividir esse valor pela soma dos aportes de ambos, que é: R$63.697,56. Portanto, 63.985,55/63.697,56 = 1,004521. Agora vamos diminuir 1, e chegamos ao ROI de 0,004521, ou ~0,45%.

Agora vamos chegar ao ROI Anual: Vamos multiplicar o prazo médio da RF (0,13) com o peso atual no portfolio (18,8%, ou 0,188) e chegamos no valor de 0,02444. Fazendo o mesmo com a RV, chegamos ao valor de 0,61712. Vamos somar os dois e chegamos no prazo médio ponderado de 0,64156 ano. Dividindo o ROI geral de 0,45% pelo prazo médio ponderado de 0,64156, chegamos ao ROI/ano de 0,7%.

Atualização Mensal: Junho 2009 (R$64.472,05, +R$2.557,88)

Meh. É assim que posso caracterizar o mês de junho. Além dos gastos significativos que tive durante o mês, a bolsa teve um mês fraco, com o PIBB com queda de quase 4% comparado ao mês anterior. Graças ao meu portfolio pequeno (e levemente diversificado), consegui ter um mês positivo apesar desses problemas.

Gráfico do meu patrimônio e projeção de acordo com o plano (cliquem para ver o gráfico maior):


Cerca de R$300,00 da larga "gordura" que tinha no portfolio foi queimada esse mês, em virtude do crescimento do meu protfolio ter sido um pouco aquém do projetado. Meu patrimônio cresceu 4,13% esse mês. Pude investir "apenas" 33% do meu salário (R$1.000,00), que foi para o empréstimo garantido.

Portfolio:


Normalmente estaria 97% investido em PIBB, mas como posso aproveitar essa oportunidade única do empréstimo garantido, e como duvido muito que a bolsa possa dar um retorno consistente de 26,82% a.a., fica justificada essa diversificação extra.

Os juros de 2% do empréstimo foram utilizados para pagamento de despesas. Pode parecer que não estou reinvestindo os juros, mas para mim dá no mesmo pegar R$1.000,00 do salário e investir no final do mês ou reaplicar os ~R$200,00 de juros e investir R$800,00 do salário.

Porfolio em valores, junto com ROI:


ROI positivo pela segunda vez seguida, o que é um feito considerando que iniciei meus investimentos na bolsa praticamente no topo. No entanto, volto a perder da inflação, que certamente está acima de 1,89% a.a.

Notas relevantes:

  • Sem compras de PIBB esse mês. Estou sentindo um vazio dentro de mim... :)
  • Meus gastos serão bem maiores que o do mês passado pelo menos até outubro. E não, não estou namorando :P

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Crítica do livro "A Lógica do Mercado de Ações"

Terminei hoje de ler o livro "A Lógica do Mercado de Ações" (A Mathematician Plays the Stock Market). Li o original em inglês, então sem comentários quanto à tradução.

O livro é bom. Para quem não possui formação específica em exatas como eu, foi interessante aprender mais sobre desvio-padrão, teoria dos jogos, beta, sigma, variância, média aritmética e geométrica, sistemas não-lineares, etc... tudo numa leitura BEM leve, com explicações claras e exemplos tirados do desastroso investimento do autor em ações cuja empresa foi um exemplo de ética e lisura: A WorldCom.

Nas explicações do autor sobre mercados eficientes, finanças behavioristas e formação de portfolio, o autor peca pela superficialidade. Nessa parte o autor pouco acrescentou ao que eu já sabia, mas pode ser útil para quem quer ter uma noção básica desses assuntos.

Enfim, é um livro básico, de fácil digestão e bem escrito, com um enfoque nos aspectos matemáticos básicos da bolsa de valores.

De 0 a 10, sendo 5 um livro "na média", ele leva 6,5. Recomendado!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O problema dos títulos indexados pela inflação (NTN-B e NTN-B Principal)

Um mecanismo muitíssimo utilizado pelos investidores que buscam a independência financeira a longo prazo é a compra de títulos garantidos pelo governo indexados à inflação, mais precisamente os NTN-B e NTN-B Principal. A diferença entre os dois é apenas do pagamento dos prêmios, o primeiro semestral e o segundo apenas no vencimento. Mais informaçoes aqui.

A rentabilidade líquida é obtida após o abatimento do Imposto de Renda, custódia da CBLC de 0,3%a.a, taxa de negociação de 0,1%a.a. no primeiro ano apenas, além de eventuais taxas do agente de custódia, que varia de 0% (Spinelli, Socopa) a 4% (Bradesco, Itaú... como era de se esperar).

Há pelo menos um problema que a maioria das pessoas não percebem nesse cálculo: o título acaba por não te proteger completamente contra a inflação. HÃÃÃ?

É isso mesmo! Vejam que o famigerado IR incide não apenas sobre a taxa de compra mas também sobre a correção do IPCA. Por exemplo, digamos que você comprou R$1.000,00 de NTN-B Principal à taxa de 6,75%a.a. + IPCA. Vamos presumir que você permaneceu com esse título por um ano (252 dias úteis), e o IPCA no período foi de 5%. Portanto, a rentabilidade bruta é de 12,09% (veja meu post sobre cálculo da rentabilidade real para saber por que o cálculo não deve ser 6,75%+5%). Vamos ignorar a taxa da CBLC e nos concentrar no IR. Vamos presumir também que o IR a ser cobrado é o mínimo de 15% e não os 22,5% devidos. Portanto, a rentabilidade líquida do investimento é:

R$120,90*85%= R$102,77.

Logo, ao final do período você terá R$1.102,77. Como R$1.000,00 um ano atrás valem R$1.050,00 hoje, a rentabilidade real foi de R$52,77, ou 5,02% (atenção, o cálculo é sobre R$1.050,00 e não R$1.000,00). Mas peraí... 6,75%a.a menos o IR de 15% é 5,74%... quem roubou os outros 0,72%? O IR sobre o IPCA.

Vejam como o IR sobre o IPCA acaba obrigado a "doar" parte da taxa do título para recompor o valor de compra perdido pela inflação, reduzindo de forma significativa a rentabilidade real do título. Dessa forma, quem tiver como idéia retirar os hipotéticos 6,75%-IR vai ter parte do principal corroído mês a mês pela proteção inadequada à inflação, forçando o investidor a retirar uma taxa menor, no caso 5,02%.

Pode parecer pouco, mas vamos ver um pouco de "masturbação financeira" para ver esse efeito a longo prazo. Vamos investir R$1.000,00 durante 30 anos:

  • Com uma taxa de retorno real de 5,74% (6,75% - 15%), teremos R$934.344,00 ao final do período.
  • Já com a taxa de retorno real de 5,02% (levando em consideração o IR sobre o IPCA) teremos ao final de 30 anos R$821.589,00, ou ~12,06% a menos.
Portanto, esse efeito não é desprezível e deve ser contabilizado por qualquer um que invista em qualquer título corrigido pela inflação.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Como calcular a (real) rentabilidade de um investimento

No mundo dos investimentos existem três variáveis que infelizmente teimam em não serem constantes. São elas a rentabilidade nominal, a inflação e a rentabilidade real.

Mas como calcular a rentabilidade real de um investimento? Se você quiser ter apenas uma noção geral do retorno do seu investimento você pode utilizar a "equação de Fisher", que nada mais é do que:

rent.real = rent.nominal - inflação. (que nome pomposo pra uma equação besta)

Até aí tudo muito fácil e correto, certo? ERRADO. Por exemplo, uma aplicação que rende 9,25% a.a. num país cuja inflação é de 4%, qual seria a rentabilidade real desse investimento?

Aqui está a "não-derivada" fórmula de Fisher para calcular a verdadeira rentabilidade real do investimento:

rent.real = ((rent.nominal + 1) / (inflação + 1)) - 1

Em termos práticos, pegando o exemplo acima: rent.real = (1,0925 / 1,04) - 1 = 1,05 - 1 = 0,5 = 5%

Ou seja, 0,25% a menos do que a "equação de Fisher", que daria 5,25%.

Vejamos um caso extremo para que a equação "correta" fique mais aparente: Rentabilidade nominal de 75% e inflação de 60%.

rent. real = (1,75/1,6)-1 = 0,094 = 9,4% , bem menos do que os 15% "tradicionais".

Assim como após a leitura de outro post meu você pode com segurança chamar de ignorante quem diz que "a bolsa americana demorou 25 anos para se recuperar no crash de 29", o mesmo pode ser dito de quem fala "Pra ter a rentabilidade real é só diminuir a inflação da rentabilidade nominal".

E olha que não é pouca gente que fala isso...

PS: Sim, eu sei que a equação de Fisher derivada na verdade é i ~ r + π, mas o problema jaz justamente no ~, que é justamente o que expliquei no tópico. Para maiores explicações, vejam The Theory of interest do próprio Fisher, que por sinal foi um cara que entendeu de juros como poucos no mundo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Home Broker Link x Home Broker Ativa

Atualmente tenho contratadas tanto a Link como a Ativa como corretoras. Virei maluco? Gosto de rasgar dinheiro? Não, apenas estou mantendo a Ativa pois tenho ações minha alugadas lá, e até o bendito devolvê-las tenho que manter a conta aberta. Pelos cálculos faz mais sentido ter as duas e fazer os trades na Link do que ficar só na Ativa.

Agora que já utilizei os dois HBs (Home Broker), vou mostrar as diferenças entre eles PARA MIM:

LINK TRADE:



Clique para ver em tamanho maior


Pontos positivos:

  • O HB é muito bonito.
  • Possui dois "skins" de visualização.
  • Possui janelas totalmente configuráveis.
  • Atualização automática da carteira em tempo real.
  • Cálculo instantâneo da corretagem total do trade pretendido.
  • Agrupamento de ofertas no book de mesmo valor.
  • "Uptime" de 100%¨até agora.
Pontos negativos:

  • O HB é PESADO! Para conexões lentas e computadores com processadores fracos o peso do HB é sentido. Se você possui um PC com dois ou mais núcleos e internet banda larga (meu caso) o peso é irrelevante.
  • Boa sorte pra tentar visualizar a cotação do IBRX-50. Já entrei em contato via e-mail com a Link e eles simplesmente não fornecem a cotação atualizada do IBRX-50 (IBXL). Como que eu vou me guiar para saber o preço "justo" do PIBB nas minhas compras mensais?
  • O HB não fornece notícias da Bovespa. Isso é fundamental para mim quando vou colocar minhas ações para aluguel, pois preciso ver a tabela atualizada do banco de títulos da CBLC. Com isso tenho que buscar essa atualização na ADVFN, cuja tabela tem uma formatação horrível.
  • Não tem como obter a nota de corretagem do trade pelo HB.

ATIVA:



Clique para ver a imagem ampliada

Pontos positivos:

  • HB levíssimo.
  • Notícias da bovespa e do mercado em tempo real.
  • Cotação do IBRX-50 em tempo real.
  • Notas de corretagem mais recentes diretamente do HB.
Pontos negativos:

  • Muito raramente o HB não está funcionando.
  • Atualização manual. É um saco ter que ficar atualizando toda hora pra saber se houve um trade ou não nos PIBBs.
  • Você não sabe de antemão exatamente quanto vai pagar de emolumentos, tx. de liquidação, etc.
  • O HB é feio.
  • Ficou mais de 30 min sem mexer no HB? Já era, só logando de novo.
  • Volta e meia o botão de atualização não funciona. Só logando de novo pra voltar a funcionar.
Conclusão:

O HB da Link é como uma prostituta, bonita for fora mas a gente sabe que não dá pra dialogar com ela e que não presta por dentro. O HB da Ativa é como aquela mulher feinha mas gente boa, que te dá mole e te ajuda no dever de casa.

Enfim, quem eu quero enganar, sei muito bem que no final das contas vou "casar" com aquela que me custar menos...



segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mudanças estruturais no blog

Seguindo a recomendação de vocês, coloquei na aba direita do blog uma seção com o livro que estou lendo atualmente (muito bom, por sinal), além de blogs interessantes de pessoas também interessantes que estão na batalha para obter a independência financeira.

Em breve colocarei tags em todos os tópicos e uma lista de livros que eu recomendo sobre mercado financeiro.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ah, índice safado...

Como vocês viram no meu tópico sobre o crash de 29, eu mencionei que o índice Dow Jones é, na melhor das hipóteses, um índice tosco pois, além de ser balanceado pelo preço das ações e não pelo tamanho das empresas (o que inclusive levou à exclusão da IBM do índice pois teimava em não fazer splits), o mesmo também exclui dividendos do seu cálculo, o que não faz o MENOR sentido, já que dividendos é uma parte fundamental da rentabilidade da bolsa.

Até aí tudo bem. Eis que hoje eu descubro que o índice mais importante da bolsa americana, o S&P 500, também não contabiliza dividendos!!!



O S&P500 e o DJI fazem tanto sentido quanto essa foto

Quer dizer, pra que diabos eu quero um índice se ele não reflete a realidade da rentalidade das ações por ele composta?

Aí vem o espertão e diz: "Deixa de ser burro, os dividendos são sempre uma mixaria, a diferença deve ser mínima, miséria não leva ninguém a lugar algum...". Então eu lhe mostro isso:




Perdeu, Playboy!

Uma diferença de "apenas" 800% (lembre-se, a escala está logarítmica)!!!

Conclusões óbvias:
  • Comparar IBOV com S&P500 apenas se o último incluir os benditos dividendos (boa sorte pra achar um gráfico com isso...)
  • O S&P 500 "puro" é inútil para 99% das simulações.
  • Ainda bem que a Bovespa teve sanidade ao fazer tanto o IBOV quanto o IBRX-50 incluindo dividendos.
  • O S&P 500 "verdadeiro" está nos 7.500 pontos.
Agora me digam, quantos de vocês sabiam disso? Não consigo acreditar que eu era o único "zé mané" que estava no escuro quanto a isso!!!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bolsa e Risco - Parte II

Vimos no tópico anterior que a concepção de risco na bolsa de valores é exagerada em virtude dos estudos se concentrarem em sua volatilidade anual.

Essa noção de volatilidade apenas em termos anuais é prejudicial pois a volatilidade do retorno esperado em aplicações na bolsa diminui conforme o prazo se alonga. Dêem uma olhada no gráfico que tirei do livro "Stocks for the long run" de Jeremy Siegel, em que mostra a relação risco-retorno para portfolios de bolsa/renda fixa para vários períodos nos EUA:




É muito importante que vocês entendam esse gráfico. Notem como a partir de 10 anos a angulação diminui sensivelmente. A partir de 20 anos o desvio-padrão é idêntico entre 100% renda e 100% bolsa, mas a diferença de retorno é significativa:

  • R$100.000,00 a 3,5% durante 20 anos: ~R$199.000,00
  • R$100.000,00 a 6% durante 20 anos: ~R$320.000,00
Diferença de mais de 50%, e isso puramente determinado pela alocação do ativo! Em apenas 20 anos! Parem pra pensar como é importante cada um de vocês determinarem de forma correta a alocação de ativos (asset allocation) para o seu caso específico. Talvez essa seja a decisão financeira mais importante de sua vida!

Uma analogia para vocês entenderem melhor a relação risco/tempo/retorno é imaginar a bolsa como um jogo com dados viciados. A cada rodada, você teria, por exemplo, 60% de chance de ganhar 11% ou 40% de perder 10%. Se você puder jogar apenas algumas vezes a chance de você sair perdendo é significativa, mas e se você pudesse jogar milhares de vezes? A chance matemática de você sair perdendo é muito pequena, afinal não é a toa que desde 1871 em TODOS os períodos de 30 anos a bolsa rendeu mais do que renda fixa nos Estados Unidos. Mas lembre-se, você tem que continuar jogando...

Poderia se argumentar que o retorno positivo da bolsa a longo prazo nos EUA foi uma exceção, afinal ela foi (e ainda é) a maior potência mundial. No entanto, um estudo foi feito para analisar o retorno real da bolsa de valores de 16 países no período entre 1900 e 2006 e a comparação com aplicações em renda fixa:


Vejam que TODOS os países apresentam o chamado "equity premium", reforçando a tese de que a longo prazo a bolsa tende a ser o melhor investimento. Portanto, retornos a longo prazo acima da renda fixa não é uma exclusividade dos EUA.

Então quer dizer que tudo são flores? É só aplicar na bovespa, dormir por 30 anos, acordar milionário e ir direto na concessionária comprar seu 370z? Além disso, e aqui no Brasil, como que o CDI está na corrida com o Ibov? Vamos falar disso na parte final...